Os filmes modernos são uma droga – Personagens femininas fortes

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Sarah Connor, Clarice Starling, Buffy Summers, Ellen Ripley, Marion Ravenwood, Princesa Leia, Dana Scully, Samantha Carter, Eowyn, Vi, Beatrix Kiddo a noiva, Nyota Uhura, Beth Harmon, Kara Thrace e Rita Vrataski.

Esses são alguns exemplos de várias personagens inteligentes, complexas, compassivas, corajosas e bem escritas que surgiram nos últimos 50 anos na TV ou nos cinemas. Essas personagens deixaram sua marca em uma geração de espectadores da época e continuam a ter ressonância décadas depois de sua criação.

Mas agora temos um novo tipo de personagem que é banal, raso e extremamente desagradável – o fenômeno conhecido como “Personagem feminina poderosa.

Honestamente, parece que quase todas os personagens sem cromossomo Y hoje em dia são automaticamente rotulados como “fortes“. É a primeira palavra que escritores, atores, diretores e o departamento de marketing usam ao descrever personagens femininas. Essa palavra tem sido usada em excesso, a ponto de ter perdido todo o significado.

Emily Blunt

Na verdade, Emily Blunt expressou isso de maneira brilhante: “É a pior coisa quando você abre um roteiro e está escrito ‘Protagonista feminina forte”. Isso faz meus olhos revirarem. Eu caiu fora na hora. Estou entediada com isso. Esses personagens são escritos com uma qualidade estoica inverossímil. Você passa todo o tempo atuando cenas fortes e falando coisas fortes.”

Falando sério, a atriz está totalmente certa. Esse clichê de “personagem feminina forte” se tornou vazio, simplista e sem significado narrativo. É como se as corporações sem alma estivessem usando esse novo símbolo como uma bandeira para vender em camisetas fabricadas por crianças em algum lugar do terceiro mundo.

Mas por que isso está acontecendo? Qual é a diferença entre uma boa personagem feminina e uma “personagem feminina forte”?

Saori

O primeiro problema: Esse novo arquétipo é extremamente competentente em tudo. Um elemento essencial de qualquer arco de personagem é a presença de desafios ou dificuldades a serem superados. Isso permite que o personagem evolua ou mude ao longo da história. Muitas vezes, há um mentor para guiá-lo nessa jornada, e o personagem provavelmente falhará ao longo do caminho. A falha é parte do processo de aprendizado e ajuda a criar empatia com o personagem.

Mas as personagens femininas atuais não enfrentam desafios sérios nem sofrem grandes contratempos. Elas geralmente não têm mentores mais velhos, especialmente mentores masculinos, para ensiná-las. O resultado é um personagem que não enfrenta lutas ou desafios sérios, raramente falha e, portanto, não tem a oportunidade de crescer e se desenvolver.

Essas personagens focam na autoafirmação, na ideia de que já têm tudo o que precisam para serem bem-sucedidas e que só precisam se libertar das limitações impostas pelos outros. A mensagem é que você é perfeito do jeito que é, e o resto do mundo é que precisa mudar. Isso pode ser inspirador, mas também pode ser um problema quando se enfrentam desafios reais na vida.

Um exemplo disso é a Capitã Marvel, que remove um chip que limita seus poderes como um gesto simbólico da mulher moderna empoderada. O problema é que, ao remover as falhas, fraquezas e a luta de um personagem, você não dá à audiência motivos para se conectar emocionalmente com ele. Se o personagem já é o melhor em tudo e não enfrenta desafios reais, os escritores não nos dão razões para questionar ou duvidar de seu sucesso na história.

No final, temos personagens femininas que parecem fortes superficialmente, mas não têm profundidade ou significado real.

Outro aspecto problemático é a representação da força física.

Nos filmes modernos, vemos mulheres magras lutando contra homens muito maiores com coreografias convenientes. Isso acontece porque os roteiristas acreditam erroneamente que a única maneira de um personagem ser forte é demonstrar força física.

No entanto, essa abordagem ignora a realidade de que homens e mulheres têm diferenças físicas significativas. As mulheres geralmente são menores e têm menos massa muscular e força física em comparação com os homens. Não significa que as mulheres sejam fracas, mas essa diferença física deve ser levada em consideração nas cenas de luta.

Em vez de reconhecer essa realidade, alguns filmes optam por ignorá-la e fingir que força e tamanho não fazem diferença. Isso cria um distanciamento da realidade, e o público fica cético em relação às cenas de luta.

Kate, vivida por Emily Blunt

No entanto, há exemplos raros de representações mais realistas, como a cena em “Sicario” (2015)
A protagonista Kate, vivida por Emily Blunt, tenta dar um soco em um agente da CIA, mas mal o afeta devido à diferença de força física. Essa cena oferece uma representação mais realista dos desafios que uma mulher pode enfrentar em situações físicas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em resumo, a força física não é a única maneira de representar que um personagem é forte. O clichê das “personagens femininas fortes” precisa evoluir para representar uma diversidade de experiências e personalidades que vão além do estereótipo superficial, personagens femininas fortes nos filmes pode se beneficiar de uma abordagem mais equilibrada, que leve em consideração a diversidade de personalidades e a complexidade emocional das mulheres. Criar personagens que enfrentam desafios reais e têm a oportunidade de crescer e evoluir ao longo da história pode resultar em narrativas mais envolventes e personagens mais cativantes para o público.

-Heróis e mais

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