Polêmica envolvendo mod de personagem de Fallout levanta debates sobre representação feminina nos jogos

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Uma simples modificação feita por um criador de conteúdo em um personagem do aguardado jogo Fallout foi o estopim para uma intensa discussão online sobre os limites da liberdade artística e o tratamento dado às mulheres na indústria dos games. O usuário conhecido como “Game Characters AI” causou furor ao publicar uma versão alternativa da protagonista com atributos físicos mais acentuados.

Jornalistas e influenciadores reagem com indignação e piadas

A reação nas redes sociais foi imediata e inflamada. Jornalistas e personalidades da internet criticaram duramente a iniciativa, classificando-a como sinal de “dependência pornográfica” e convocando até mesmo punições legais ao criador do mod. O debate logo descambou para ataques pessoais e piadas de cunho sexual.

Em resposta, Game Characters AI pediu desculpas à atriz Ella Purnell, que empresta sua aparência à personagem, afirmando que não fará mais modificações do tipo com pessoas reais. Por outro lado, questionou a indignação seletiva do público, apontando que os próprios estúdios ocidentais cometem “crimes” similares contra a representação feminina.

Estética dos games entre o realismo e a caricatura

O caso levanta questões relevantes sobre a estética predominante nos videogames atualmente. Defensores da modificação argumentam que alterações similares são comuns em jogos como Skyrim, não devendo ser tratadas como tabu. Já os críticos apontam uma tendência perturbadora de objetificação e hipersexualização dos corpos femininos.

Curiosamente, o próprio jogo Fallout é acusado por alguns de trair a aparência da atriz na qual a protagonista foi baseada. Comparações entre registros de Ella Purnell e sua contraparte virtual sugerem que os desenvolvedores podem ter exagerado em idade, peso e “desgaste” na personagem. Essa “maquiagem digital” seria um desrespeito à modelo e às mulheres em geral?

Militância exagerada ou reação justificada?

É inegável que a indústria dos games ainda tem muito a evoluir em questões de representatividade e maturidade. Escândalos de assédio nos estúdios e personagens femininas unidimensionais ainda são muito frequentes. Por outro lado, a militância exacerbada de parte da crítica especializada também pode ser contraproducente.

Acusar qualquer um que discorde de “virgindade” ou desejar “autoridade legal para acabar com a vida” de alguém por conta de um mod parecem reações desproporcionais e pouco conducentes ao diálogo. Nesse cenário polarizado, qualquer discussão racional se torna difícil.

Talvez o caminho seja valorizar iniciativas que representem as mulheres de forma mais autêntica e humana, como a personagem de Stellar Blade elogiada por sua fidelidade à atriz na qual foi baseada. Mostrar que personagens interessantes e realistas podem ser bem sucedidas comercialmente é a melhor forma de combater estereótipos limitantes.

No fim das contas, o episódio envolvendo o mod de Fallout é só mais um capítulo das guerras culturais que dominam a internet. Entre a lacração automática e a misoginia disfarçada, que tal buscarmos um meio termo de bom senso? Com mais empatia e menos histerismo de ambos os lados, podemos caminhar para uma indústria de games mais madura e inclusiva. Afinal, o que importa é a diversão, certo?

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