A trajetória do lendário Zorro, ícone latino imortalizado na cultura pop, ganha um novo capítulo nas telas do Prime Video. Criado por Johnston McCulley, o personagem, que sempre esteve envolto em questões políticas e raciais, agora retorna em uma produção espanhola, navegando por águas turbulentas para equilibrar a tradição com uma abordagem mais contemporânea.
O protagonista, Don Diego, interpretado por Miguel Bernandeau (o Guzmán de Elite), continua personificando a imagem clássica do herói, mas a narrativa se desvia da linearidade ao incorporar um elemento místico. O manto do Zorro agora é passado de pessoa para pessoa, determinado por um espírito nativo-americano encarnado em uma raposa. A trama, habilmente costurada por Carlos Portela (As Telefonistas), desvenda flashbacks do antecessor de Diego, interpretado por Cristo Fernández (Ted Lasso), e apresenta a irmã deste falecido herói, Nah-Lin, interpretada por Dalia Xiuhcoatl (A Vingança das Juanas), que busca assumir o papel do Zorro.
Apesar da trama, Portela escorrega ao tentar justificar a escolha do espírito em Diego, usando uma explicação clichê sobre “união em terra dividida”, o que soa como uma ginástica retórica colonialista. No entanto, essa concessão à contemporaneidade não apaga os encantos da série. Sob a direção de Javier Quintas (La Casa de Papel, Toy Boy), Zorro ganha vida com impressionantes cenas de ação, onde o sangue, as labaredas e a ambientação colonial são habilmente explorados, mesmo dentro de um orçamento televisivo europeu.
A série, destinada à geração Game of Thrones, destaca-se ao abraçar a estética pseudo-medieval e a narrativa acelerada, mas o faz com mais eficiência do que muitos imitadores recentes. A trama, apesar de seus tropeços ideológicos, brilha quando assume sua essência de telenovela. As complexidades nas relações entre Diego, sua ex-namorada Lolita (Renata Notni) e o atual noivo Monasterio (Emiliano Zurita) prometem momentos melodramáticos irresistíveis. Destaque também para Paco Tous, excelente no papel do mordomo mudo de Don Diego, proporcionando um toque cômico à série.
Ironicamente, Zorro, mesmo em uma abordagem mais espanhola, mantém-se inerentemente ligado à narrativa latina. O vigilante mascarado do Pueblo de Los Angeles parece destinado a cativar públicos diversos, preservando sua essência única. A série desafia as expectativas, oferecendo uma mistura única de épico, ação e telenovela, que certamente conquistará tanto os fãs tradicionais quanto uma nova geração de espectadores. E você, está pronto para embarcar nesta aventura?