Rainha do Ringue: Luta com Bala e Batom

Compartilhe:

“Para ser a mulher, você precisa superar a mulher.” Não, não estou falando da última guerrinha de egos do Twitter; estou falando da pioneira Mildred Burke, que literalmente abriu caminho na luta-livre feminina numa época em que subir no ringue era ilegal para mulheres. Comparado a isso, reclamar que hoje não há lutas femininas suficientes na TV é coisa de quem gosta de mimimi e não reconhece os privilégios atuais.

O filme Rainha do Ringue, estrelado por Emily Bett Rickards (sim, aquela moça do seriado Arrow), tenta condensar em quase três horas a incrível trajetória de Burke, desde seus dias como garçonete até se tornar uma lenda do wrestling, treinada pelo empresário Billy Wolfe (Josh Lucas). Wolfe começa subestimando Burke, mas logo percebe que está lidando com uma mulher de verdade, capaz de enfrentar adversidades dentro e fora do ringue, mesmo quando essas adversidades envolvem um romance conturbado e a sujeira típica do negócio.

 

Uma estrela à moda antiga

Se você já assistiu O Lutador, Garra de Ferro ou Foxcatcher, sabe que histórias reais de wrestling raramente terminam bem. Rainha do Ringue toca nesses temas, mas não mergulha tão profundamente na escuridão. Emily Bett Rickards, contudo, carrega o filme como uma estrela clássica de Hollywood, combinando a dureza de Barbara Stanwyck com a elegância de Grace Kelly, numa performance que sugere que talvez ela esteja mesmo no século errado.

Kailey “Kamille” Latimer, lutadora real e campeã mundial feminina da NWA, está perfeita como a rival implacável June Byers. Latimer é tão natural no papel que faz você se perguntar por que diabos a AEW não aproveita melhor seu potencial. O filme ainda traz participações breves de outras estrelas femininas do wrestling, como Naomi (WWE) e Britt Baker (AEW), mas se piscar, você perde. Pelo visto, nem o wrestling escapa da velha tesoura de edição.

O problema real do filme é o roteiro de Ash Avildsen, que insiste em explicar demais. Parece que ele estava preocupado com espectadores que não conhecem as regras básicas, esquecendo que bons filmes não precisam pegar na mão do público para contar uma boa história. Mickey Rourke não precisou disso em O Lutador, nem Zac Efron em seu papel recente como Kevin Von Erich.

Apesar disso, Rainha do Ringue ainda é um filme sólido, especialmente para fãs inteligentes de wrestling que já sabem o básico e querem ver uma história honesta sem militância barata. Os espectadores casuais podem sentir o peso das três horas, mas vale a pena encarar esse main event – especialmente se você estiver cansado da lacração cotidiana e quiser ver algo autêntico e corajoso, como o esporte costumava ser.

Trailer de “The Iron Claw” mostra Zac Efron protagonizando drama trágico sobre famosa dinastia do wrestling

Publicidade
Publicidade