Brasil cansado do plim-plim?
No final de 2023, a rede Globo – há tempos já dominada pela ideologia política e identitarismo – enfrentou o seu pior final de semana do ano no quesito audiência. Em resumo: nem todo o dinheiro público injetado pelo governo Lula em 12 meses havia sido capaz de manter os espectadores interessados.
Justamente o contrário: em pleno sábado, 2 de dezembro, a média registrada pelo canal foi de míseros 9,6 pontos -um retumbante fracasso para vênus platinada.
Quase um ano depois, o cenário é praticamente o mesmo – e por que não dizer, bem pior. O último a debandar do maior canal televisivo da América Latina foi ninguém menos que José Bonifácio Brasil de Oliveira – o Boninho -, que até então era encarregado da direção do Big Brother Brasil.
A justificativa oficial do filho do mestre Boni foi protocolar: o já famoso desejo de realizar “novos desafios”.
“Depois de 40 anos sendo TV Globo, decidi seguir outros caminhos. Confesso que o plano era me aposentar nessa empresa que faz parte de quem eu sou e grande incentivadora da minha paixão. Mas aos 62 anos, é exatamente a paixão que tenho, que está mais forte que nunca, que me motivou a topar os novos desafios que surgiram”, anunciou Boninho em suas redes sociais.
O longo post de despedida continuou, com direito a uma declaração de amor à TV Globo, sua casa por mais de quatro décadas. As palavras doces, à primeira vista, indicam que a saída pode ter sido realmente sem tumultos.
“Sigo louco por fazer televisão e animado com as possibilidades que estão em meu futuro”, revelou Bonino. “Então, mesmo tendo uma proposta carinhosa da Globo para seguirmos juntos, decidi seguir para novos rumos, com desafios que a posição que estava nem sempre me permitia. Uma decisão que a Globo acolheu de forma gentil, como aliás, sempre foi nossa relação. Ah, TV Globo, eu te amo demais. Siga sendo essa potência de talento, de coragem, de inovação, de sucesso”, acrescentou o showrunner.
Globo só recebe más notícias
A saída de uma das figuras mais representativas da Globo não é o único fantasma a assombrar a empresa fundada por Roberto Marinho. Os problemas estruturais – e de conteúdo – também são gritantes.
Em junho deste ano, um dos carros-chefe da emissora – e um dos programas mais longevos da grade, o Fantástico, começou a dar sinais de que a fórmula usada nos últimos anos já não estava mais ao gosto do público.
Isso porque a revista dominical havia atingido sua pior audiência em 2024 (15,9 pontos), acusando menos público que o (sofrível) Domingão com Huck – o substituto de Faustão desde a saída do apresentador para a Band. Cerca de 30 dias depois, o navio que já parecia ter ido a pique, sofreu mais uma colisão: apenas 14,4 pontos de audiência computados no primeiro domingo de julho.
Mais demissões
O inferno astral amargado pela emissora – simbolizado por revés atrás de revés de seus principais programas – parece estar bem distante de ser apaziguado.
Dias após a saída de Boninho foi a vez de sua esposa, a atriz e apresentadora Ana Furtado, partir por “descontentamento”. A própria Furtado explicou o motivo da debandada em um podcast:
“Não me fazia bem, eu não tinha protagonismo, eu não estava fazendo coisas que eu gostaria de fazer. Eu fiquei 28 anos fazendo o que tinha para fazer, mas não era necessariamente o que eu queria e gostava de fazer” desabafou.
A saída de Ana Furtado e de Boninho em 2024 chamam a atenção, mas não chegam a assustar. A lista de demissões neste ano conta ainda com nomes consagrados, como os da apresentadora Fátima Bernardes e dos atores Carolina Dieckmann, Rafael Cardoso, Lilia Cabral e Claudia Raia.