A desenvolvedora Crystal Dynamics anunciou que as aguardadas remasterizações dos três primeiros clássicos jogos da icônica franquia Tomb Raider, programadas para serem lançadas mundialmente em 14 de fevereiro, irão manter todo o conteúdo original intacto, mas incluirão um extenso e contundente aviso condenando certos aspectos das obras originais tidos agora como estereótipos culturalmente prejudiciais e ofensivos.
Aviso sobre “profundo impacto prejudicial” ao iniciar jogos
Ao iniciar os jogos remasterizados pela primeira vez, os usuários se depararão com uma mensagem afirmando que “os jogos desta coleção contêm representações extremamente ofensivas de pessoas e culturas enraizadas em deletérios preconceitos raciais e étnicos”.
Imagens que ferem valores atuais
Segundo a nota, tais representações estereotipadas são “profundamente prejudiciais, indesculpáveis e não condizentes com os valores que defendermos atualmente na Crystal Dynamics”. Porém, ao invés de efetivamente remover esses elementos agora considerados tão probleáticos, optou-se por apresentá-los integralmente, como uma forma de “reconhecer seu profundo impacto negativo e aprender com isso”.
Sinal de amadurecimento ou virtue signaling?
A mensagem tem sido vista por alguns críticos e usuários como uma demonstração vazia de virtude política pela empresa, uma espécie de “lacração” para marcar posição. Por outro lado, manter o material original intacto também pode ser considerado um sinal de amadurecimento e resistência em relação à tendência censora atual de cancelar, modificar ou impedir acesso a obras antigas para adequá-las a “sensibilidades modernas”.
Outro caso recente seguiu caminho similar
Curiosamente, em 2022, algo muito semelhante ocorreu com o lançamento da coletânea Mega Man Battle Network Legacy Collection. Nela também foi incluído um aviso semelhante sobre a presença de conteúdo potencialmente “insensível”, ao mesmo tempo em que se optou por manter os jogos completamente íntegros.
Equilíbrio complexo entre passado e presente
O caso Tomb Raider parece seguir e confirmar esse padrão híbrido, que busca um delicado equilíbrio entre preservar obras clássicas tidas como marcos históricos dos games e ao mesmo tempo marcar posição e distanciamento de certos aspectos vistos hoje como problemáticos.
Desse modo, com os avisos, as empresas aparentemente buscam uma aproximação com valores sociais e culturais atuais, muitas vezes radicalmente distintos do período em que os games originais foram produzidos. Ao não cancelar tais obras, porém, também sinalizam certo limite e resistência contra o alarmismo político que exige intervenções radicais em produções do passado.
O quanto essa estratégia híbrida se mostrará bem sucedida e os avisos serão eficientes ainda permanece uma incógnita. Alguns usuários e ativistas mais radicais dirão que não basta alertar, será preciso cancelar e garantir que ninguém mais tenha acesso a esses conteúdos tidos como impróprios ou ruins.
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