O filme “Zero” inicia com um americano conhecido apenas como #1, interpretado por Hus Miller, acordando em um ônibus em Dakar, no Senegal, com uma bomba presa ao peito. Ele descobre um contador regressivo marcando dez horas e recebe instruções por um telefone celular, com uma voz misteriosa (interpretada por Willem Dafoe) afirmando que sua única saída é completar cinco missões arriscadas. A situação fica ainda mais complicada quando, em meio à sua segunda missão, ele encontra outro americano chamado #2 (Cam McHarg), também com uma bomba e um contador idênticos. Forçados a trabalhar juntos sob constante ameaça de explosão, a dupla tenta desesperadamente sobreviver, ao mesmo tempo em que lida com a polícia local e vigilância aérea constante.
Apesar da premissa intrigante, “Zero” rapidamente se perde em um conflito interno sobre sua identidade narrativa. A produção, dirigida por Jean Luc Herbulot e co-escrita por Hus Miller, luta para encontrar equilíbrio entre humor, suspense e ação, resultando em uma experiência desorientadora e sem coesão.
Missões Absurdas e Execução Questionável
O tom humorístico prometido em “Zero” raramente aparece com sucesso. Momentos que deveriam provocar risos, como a cena em que #1 e #2 precisam consumir grandes quantidades de cocaína para impressionar um traficante local, resultam em situações grotescas e constrangedoras ao invés de engraçadas. As missões, que vão desde truques arriscados estilo “Jackass” até tarefas perigosamente absurdas, parecem mais uma sequência desconexa do que um roteiro estruturado.
A cinematografia de Gregory Turbellier é, talvez, o único ponto positivo consistente. As imagens aéreas capturam brilhantemente a complexidade arquitetônica e a dimensão de Dakar, proporcionando alguns alívios visuais em meio ao caos narrativo. Contudo, tais qualidades técnicas não são suficientes para redimir “Zero”, que acaba por transformar uma proposta interessante em um filme difícil de acompanhar, exagerado e, no final das contas, descartável.