Hollywood está fervendo com uma das disputas mais quentes e intrigantes dos últimos tempos, envolvendo dois nomes de peso: Ryan Reynolds, o eterno Deadpool, e Justin Baldoni, conhecido por Jane the Virgin e seu ativismo pró-feminismo. O que começou como uma acusação de assédio sexual nos bastidores de It Ends With Us escalou para uma guerra jurídica de proporções milionárias, com o personagem “Nicepool” de Deadpool & Wolverine no centro de tudo. Se você é fã de cultura pop, prepare-se: essa história tem drama, reviravoltas e um debate que vai além das telas, mexendo com questões de liberdade de expressão, reputação e os limites da criatividade em Tinseltown.
Tudo começou em dezembro de 2024, quando Blake Lively, a esposa de Reynolds e uma das atrizes mais adoradas de Hollywood, acusou Baldoni de assédio sexual durante as filmagens de It Ends With Us. O filme, baseado no best-seller de Colleen Hoover, aborda temas pesados como violência doméstica e foi dirigido e estrelado por Baldoni, com Lively no papel principal. As filmagens rolaram entre maio e dezembro de 2023, em Nova Jersey, e o longa chegou aos cinemas em 9 de agosto de 2024, conquistando o público com sua sensibilidade. Mas, nos bastidores, as coisas não foram tão harmoniosas. Lively, que já brilhou em Gossip Girl e A Simple Favor, levou a denúncia ao Departamento de Direitos Civis da Califórnia, alegando comportamento inadequado de Baldoni no set. O clima ficou tenso, e o que parecia ser apenas um conflito profissional logo virou um terremoto jurídico.
Baldoni não ficou quieto. Em janeiro de 2025, ele respondeu com um processo de nada menos que US$ 400 milhões contra Lively, Reynolds, a publicitária Leslie Sloane e a firma Vision PR, acusando-os de difamação, extorsão e invasão de privacidade. Ele afirma que as denúncias de Lively são infundadas e foram orquestradas para arruinar sua reputação e carreira. Mas o que realmente colocou fogo nessa briga foi um detalhe inesperado: o personagem “Nicepool”, de Deadpool & Wolverine, lançado em 26 de julho de 2024. Baldoni alega que esse papel, interpretado por Reynolds, é uma caricatura debochada de sua persona pública como feminista “acordado” – e que a morte violenta de “Nicepool” nas mãos de “Ladypool”, dublada por Lively, foi uma mensagem direta contra ele.
Quem é “Nicepool” e Por Que Ele Está no Meio Disso Tudo?
Para entender a polêmica, precisamos mergulhar no universo de Deadpool & Wolverine. O filme, que levou multidões aos cinemas no verão de 2024, foi gravado entre maio de 2023 e 24 de janeiro de 2024. Nele, Reynolds dá vida a várias versões do anti-herói Deadpool, e uma delas é “Nicepool”: uma variante sem cicatrizes, de cabelo impecável, com uma personalidade doce e politicamente correta que contrasta com o Deadpool sarcástico que todos conhecemos. Baldoni, que há anos constrói uma imagem de defensor da igualdade de gênero – com palestras no TED, livros como Man Enough e podcasts sobre masculinidade vulnerável –, diz que “Nicepool” é uma sátira cruel dele próprio. E o golpe final? A cena em que “Nicepool” é brutalmente morto por “Ladypool”, dublada por ninguém menos que Blake Lively.
Segundo Baldoni, essa sequência tem raízes em um encontro tenso que aconteceu em 4 de janeiro de 2024, no apartamento de Lively e Reynolds. Ele conta que, nesse dia, Reynolds o confrontou, acusando-o de ter feito comentários depreciativos sobre o peso de Lively durante as filmagens de It Ends With Us – algo que Baldoni nega veementemente. Reynolds teria exigido um pedido de desculpas, e Baldoni descreveu o momento como “traumático”. Curiosamente, a cena de “Nicepool” foi filmada logo depois, ainda em janeiro de 2024, o que leva Baldoni a acreditar que foi uma retaliação pessoal do casal, usando o filme como arma.
A Defesa de Reynolds: “É Só uma Piada, Relaxa!”
A equipe jurídica de Reynolds não perdeu tempo. Em março de 2025, eles entraram com uma moção para derrubar o processo, argumentando que “Nicepool” é apenas uma paródia protegida pela Primeira Emenda dos EUA, que garante a liberdade de expressão. Para eles, Baldoni está exagerando – suas reclamações seriam só “sentimentos feridos”, sem base legal para sustentar acusações de difamação ou outros danos. “Olha, o Justin é uma figura pública”, dizem os advogados. “Ele tem que aguentar críticas e sátiras, ainda mais vindo de algo como Deadpool, que é famoso por não respeitar ninguém.” A franquia, afinal, é um marco na cultura pop por seu humor ácido e por quebrar a quarta parede, zoando tudo e todos sem dó.
Os defensores de Reynolds também apontam que Baldoni não apresentou provas concretas de prejuízo – nada de perdas financeiras ou danos reais à reputação. Para eles, uma brincadeira em um filme de super-heróis fictício não chega nem perto do que a lei considera difamação. E tem mais: eles dizem que chamar Baldoni de “predador” (algo que teria sido ventilado na mídia) é uma opinião, não um fato, e opiniões estão protegidas pela Constituição americana. Em resumo, a mensagem é clara: “Relaxa, Justin, é só cinema!”
Do outro lado, Baldoni não está para brincadeira. Ele é mais do que um ator – é um diretor, produtor e fundador da Wayfarer Entertainment, uma empresa que cria conteúdo para inspirar e empoderar. Seu trabalho como ativista, focado em causas como saúde mental e igualdade de gênero, fez dele uma voz respeitada. Por isso, ele vê “Nicepool” como um ataque pessoal, uma tentativa de ridicularizar tudo o que ele representa. “Não é só uma piada”, ele argumenta. “Foi uma forma de me intimidar, especialmente depois daquele encontro em janeiro de 2024.” O timing, para Baldoni, é prova suficiente de que Reynolds e Lively usaram Deadpool & Wolverine para acertar contas.
E não dá para ignorar o fator Blake Lively nessa história. Além de ser a acusadora inicial, ela tem um pé na franquia Deadpool: sua voz como “Ladypool” torna a morte de “Nicepool” ainda mais simbólica. Lively e Reynolds, casados desde 2012, são um dos casais mais queridos de Hollywood, conhecidos pela química dentro e fora das telas. Ele, o rei da comédia com seu Deadpool, também é um empresário de sucesso (dono da marca de gin Aviation) e ativista em causas como o câncer. Ela, uma estrela que brilha desde Gossip Girl, é mãe de quatro filhos com Reynolds e uma figura adorada pelos fãs. A participação dela em Deadpool & Wolverine adiciona uma camada de intriga pessoal que só aumenta o drama.
O Julgamento Que Pode Mudar Hollywood
O caso está marcado para março de 2026, com o juiz Lewis Liman no comando, e promete ser um marco. A disputa vai além de uma briga entre celebridades – ela toca em questões profundas sobre onde termina a liberdade artística e começa o dano à reputação. Se Baldoni vencer, pode abrir precedente para que figuras públicas tenham mais proteção contra sátiras. Se Reynolds levar a melhor, reforça o poder da Primeira Emenda em proteger a criatividade, mesmo quando ela machuca. Enquanto o julgamento não chega, a equipe de Baldoni exigiu que a Disney guarde todas as comunicações relacionadas a “Nicepool”, sugerindo que a Marvel Studios pode ser arrastada ainda mais para o centro da confusão.
A briga também virou um espetáculo midiático. Baldoni tem usado suas redes sociais para contar sua versão, pedindo apoio dos fãs e reforçando sua imagem de vítima de uma campanha difamatória. Reynolds e Lively, mais reservados, deixam os advogados falarem, mas não escapam dos holofotes – afinal, são um casal poderoso com uma legião de seguidores. A controvérsia reflete um momento delicado em Hollywood, onde disputas pessoais muitas vezes se misturam com projetos criativos, e a linha entre arte e vida real fica cada vez mais borrada.