Filme ganhou pontos positivos da isentosfera
Foi numa véspera de domingo – o “domingo do Patrão” – que Senor Abravanel nos deixou, imortalizando o personagem mais carismático e importante da TV Brasileira: o incomparável Silvio Santos.
Quase um mês após sua partida, as salas brasileiras receberam a cinebio Silvio – produção que levou 6 anos para ser concluída, tendo como ponto de partida os momentos de tensão em que o comunicador foi mantido em refém em sua residência em agosto de 2001.
Dirigido por Marcelo Antunez, o longa poderia ser hoje um documento histórico da vida e obra do ex-mascate que construiu um império de sonhos na TV brasileira. No entanto, as péssimas escolhas que envolveram toda a construção de Silvio encaminhou o filme diretamente para o sentido oposto.
Sem ofensas, mas o simpático, esforçado e, inegavelmente, bem-sucedido ator/apresentador Rodrigo Faro faz parte do rol das péssimas opções dos produtores Marco Antônio Audrá, Roberto d’Avila, Fabio Golombek e Ricardo Scalamandre.
Sem portar qualquer semelhança com Silvio Santos, Faro entrou na mira dos críticos por justa causa. Distante das interpretações desde 2008 (sua última atuação na TV foi em Chamas da Vida), o animador sofreu mais ainda pelo péssimo uso dos cosméticos, que o deixou mais parecido com o mexicano Carlos Villagrán (o Quico, do Chaves) em um multiverso.
No fundo, Faro deve ter sentido o baque, mas para o público ele não deixou escapar as mágoas:
“Tem que estar preparado para comentários e brincadeiras, para esse clima de internet. Se não estiver preparado, nem desça para o play”, explicou o intérprete do dono do Baú para o UOL.
“Chamaram de Silvio Santos do GTA, Raul Gil, de Quico. Acho maravilhoso. Brincar e comentar, faz parte. Mas, o mais importante, é valorizar o cinema nacional. Temos que falar dos nossos profissionais, dos nossos caracterizadores. Foram três mulheres que fizeram essa caracterização maravilhosa”, completou.
Silvio: crítica cheirosa passou o pano
Além de aparentemente ter aceitado na esportiva as críticas devastadoras sobre sua escalação como Silvio Santos, Rodrigo Faro revelou que o próprio dono do SBT havia concordado com a ideia de tê-lo como intérprete na telona. O evento, segundo ele, aconteceu em 23 de agosto de 2018, logo após uma visita ao camarim de Silvio na emissora.
“Aquilo me deu segurança. Eu falei: ‘Bom, ele gosta da ideia. E se ele gosta da ideia, eu vou fazer aquele filme para ele e por ele, e em vida’. Vai ser um artista que vai ter a homenagem em vida… mas Deus não quis. Essa estreia já estava marcada desde o ano passado para 12 de setembro e Deus quis escrever outra história. Fica a homenagem para ele e ficam os momentos, o olhar dele para mim”, revelou Faro, em entrevista à CNN.
Aparentemente alheia às opiniões dos fãs de longa data de Silvio Santos, dois dos principais veículos da grande mídia optaram por ficar em cima do muro. Um dos críticos, inclusive, chega a tecer elogios ao sequestrador do apresentador, deixando de lado os problemas técnicos que o longa metragem enfrenta, principalmente um roteiro que tenta usar os bordões do Patrão de forma trágica.
“Entre altos e baixos – inclusive na direção de atores – “Silvio” se equilibra. Corrige, surpreendentemente, certos defeitos em que o roteiro brasileiro se especializou e consegue mostrar uma face aceitável, embora favorável, do apresentador, ao mesmo tempo em que se apega ao velho dramalhão, buscando garantir o afeto do espectador”, observou Inácio Araújo da Folha de S. Paulo, sem esquecer de apontar que o autor do crime verídico, Fernando Dutra Pinto, não aparentava ser uma “má pessoa”.
Já o Globo foi ainda mais isentão, destacando que a escalação de Faro como o protagonista “divide opiniões”.
“As primeiras avaliações do filme “Silvio” reforçam a máxima de que o mundo se divide em dois tipos de pessoas. Para uns, apesar de alguns méritos, o filme se daria mal em um hipotético “Show de calouros”. Para outros, mesmo cometendo deslizes, o longa faz um retrato revelador do empresário e apresentador de TV Silvio Santos, morto em 17 de agosto, aos 93 anos. A escalação de Rodrigo Faro no papel-título também divide opiniões, entrando na conta dos erros ou dos acertos, dependendo do crítico”, pontuou Emiliano Urbim.