A franquia Sobrenatural, criada por James Wan, sempre se destacou mais pelas entidades sobrenaturais do que pelo desenvolvimento de sua família protagonista, os Lamberts. No entanto, Sobrenatural: A Porta Vermelha, dirigido por Patrick Wilson em sua estreia como diretor, decide mudar essa abordagem. O filme, situado dez anos após os eventos dos dois primeiros filmes, finalmente coloca os Lamberts em foco, transformando sua suposta fraqueza em seu maior trunfo.
Nessa nova história, os Lamberts estão fragmentados e afetados pelos traumas do passado, optando por esquecer os eventos anteriores. O clima pesado já é sentido desde o funeral de Loraine, com Josh e Renai vivendo uma relação conturbada e separados, enquanto lidam com seus filhos.
Sobrenatural: A Porta Vermelha se divide em dois núcleos: Dalton, agora na faculdade, explorando seus pesadelos ao lado de Chris, e Josh, tentando se reconectar com seu filho e compreender seus lapsos de memória. Surpreendentemente, o filme desenvolve esses personagens de forma tocante e sensível, algo que pode surpreender os fãs da franquia. Pela primeira vez, sentimos uma verdadeira empatia por eles, tornando-os vítimas interessantes e aumentando a intensidade dos eventos aterrorizantes.
O diretor Patrick Wilson, claramente influenciado por James Wan, consegue criar e prolongar a tensão de forma habilidosa. Diferente dos filmes anteriores, Sobrenatural: A Porta Vermelha utiliza menos “jumpscares” e prefere aterrorizar o público com a presença gradual de sombras, criaturas e entidades se aproximando. Uma cena particularmente claustrofóbica e assustadora envolvendo um exame de ressonância magnética destaca-se imediatamente.
Apesar do bom desenvolvimento até a metade da história, acompanhando o crescimento de Dalton e a investigação do passado de Josh, o filme escorrega no final ao tentar conectar todas as possibilidades abertas. O roteiro, infelizmente, falha em fornecer um desfecho coeso e um ritmo satisfatório para o clímax. Não é culpa do diretor, do elenco ou de Leigh Whannell, mas sim de um roteiro que não consegue conduzir a história de forma consistente.
No entanto, Sobrenatural: A Porta Vermelha faz bom uso de uma das melhores tradições da franquia, revisitando cenas do passado sob uma nova perspectiva. O quinto filme também aborda a vulnerabilidade dos personagens devido às suas habilidades de explorar o Plano Astral. Após uma década, é natural que eles abracem esse poder. No entanto, o filme acaba perdendo-se em um final aleatório, deixando o público com a sensação de que tudo aconteceu sem um propósito claro.
Apesar de sua resolução um tanto piegas e da lição moral que pode lembrar Frozen, Sobrenatural: A Porta Vermelha traz uma mensagem válida. Fica o amargor de testemunhar o enfraquecimento de um novo capítulo que prometia tanto e trazia uma abordagem inovadora para a franquia.