Mark Waid, um renomado roteirista da DC Comics, tem defendido uma visão progressista do Superman, destacando-o como um símbolo de esperança e bondade em tempos turbulentos (como se isso fosse progressista de verdade). No entanto, essa interpretação pode ser criticada por se afastar da essência original do personagem, que é um homem branco do Kansas, criado em um contexto de valores tradicionais e frequentemente associado a uma identidade cristã, ainda que não explicitamente nos quadrinhos. Vamos explorar por que essas visões de Waid podem ser vistas como incompatíveis com o Superman criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938.
Origem do Superman: Um Herói de Valores Tradicionais
O Superman surgiu em uma América de 1938, moldado por dois autores judeus, Siegel e Shuster, em um período de valores conservadores. Ele foi apresentado como o defensor da “verdade, justiça e o modo de vida americano” — uma frase que, na época, refletia ideais tradicionais, como família, patriotismo e moralidade. Criado em uma fazenda no Kansas, Clark Kent incorpora a imagem de um homem simples do Meio-Oeste americano, uma região historicamente associada à cultura cristã e a um estilo de vida rural. Embora sua fé não seja um ponto central nos quadrinhos, essa ambientação o conecta a um arquétipo conservador, distante das ideias progressistas que Waid tenta enfatizar.
A Reinterpretação Progressista de Waid
Waid argumenta que o Superman deve ser um símbolo de esperança e decência, valores que ele considera essenciais para o mundo atual. Embora esses conceitos não sejam estranhos ao personagem, a ênfase excessiva neles pode ser vista como uma tentativa de encaixar o Superman em uma agenda política moderna. Ao focar na bondade e no otimismo, Waid parece suavizar outros traços fundamentais do herói, como sua força, determinação e papel como combatente do crime. O Superman não é apenas um ícone de inspiração moral; ele é um herói de ação, que enfrenta vilões como Lex Luthor e Brainiac com poder e coragem. Reduzi-lo a um símbolo passivo de esperança ignora essa dimensão essencial.
Politização Desnecessária
A crítica principal às visões de Waid é que elas forçam uma narrativa progressista sobre um personagem que não foi concebido para carregar bandeiras ideológicas específicas. O Superman original foi criado como um defensor universal da justiça e da verdade, acima de divisões políticas. Ao reinterpretá-lo sob uma lente progressista, Waid corre o risco de usar o herói como um veículo para suas próprias crenças, em vez de respeitar sua essência atemporal. Isso pode alienar fãs que veem o Superman como um ícone que transcende épocas e ideologias, não como um porta-voz de causas contemporâneas.
A Identidade do Superman: Kansas, Não Cosmopolitismo
Outro ponto de divergência é a identidade do Superman como um homem branco do Kansas. Sua vida como Clark Kent reflete uma América idealizada, rural e tradicional, distante das discussões cosmopolitas e progressistas que dominam o discurso atual. Embora Siegel e Shuster, sendo judeus, possam ter inserido elementos de sua própria experiência como imigrantes na criação do personagem (Kal-El como um “estrangeiro” entre humanos), o Superman foi adotado pela cultura popular como um símbolo do coração americano. Tentar alinhá-lo a valores progressistas pode parecer uma imposição artificial, desconectada de suas raízes.
As visões progressistas de Mark Waid sobre o Superman, embora bem-intencionadas, podem ser criticadas por distorcer a essência de um personagem criado em um contexto diferente. O Superman é mais do que um símbolo de esperança; ele é um herói de justiça, força e verdade, enraizado em valores tradicionais que refletem sua origem como um homem branco do Kansas. Politizá-lo para atender a uma agenda moderna compromete sua universalidade e atemporalidade. O verdadeiro Superman não precisa de reinterpretções ideológicas — ele já é um ícone completo, capaz de inspirar sem ser moldado às conveniências do presente.