Tearmoon Empire (Episódios I e II): A dor e o sofrimento como ferramentas de mudança!

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Tearmoon Empire (Episódios I e II)
A dor e o sofrimento como ferramentas de mudança!

Figura 1 – Princesa Mia e seu diário do futuro. Detalhe para o sangue, pois ela levou o diário para a guilhotina com ela.

 

Tenho respeitado quem não gosta de spoilers e, por isso, tenho publicado meus textos mais distantes das datas de estreias das séries que planejo analisar. Se está aqui, seja bem-vindo. Se não deseja spoilers de uma série em andamento, pare a leitura aqui. Obrigado!

Tearmoon Empire é uma série escrita por Nozomu e Mochitsuki, sendo ilustrada por Gilse. A novel estreou no site Shosetsuka ni Naro e, posteriormente, começou a ser editada pela TO Books, com distribuição internacional via J-Novel Club. Além das novels, a série possui também uma versão em mangá, que é desenhada por Mizu e Morino, sendo comercializada na Comic Corona desde 2019. Conta a história de Mia Luna Tearmoon, princesa ao estilo Maria Antonieta, que acaba presa e executada (morte por guilhotina) por conta de uma revolução alimentada pela miséria de seu império e por investimento de outras nações. Por um milagre, após sua execução, ela acorda em sua adolescência, em seu passado, com um diário em mãos, de seu futuro sombrio, e a motivação de não querer ser decapitada. Para quem não conhece a história, a morte da rainha Maria Antonieta, guilhotinada em 1793, foi um símbolo da Revolução Francesa e do fim de uma era para a Europa como um todo. Essa série se alimenta desse contexto, com muito humor e drama.

As religiões têm um ponto em comum quando se referem à dor e ao sofrimento. Para muitas delas, o sofrimento é um caminho para a iluminação e para o desenvolvimento espiritual do indivíduo. Eu não concordo plenamente com essa crença, pois é sabido que o sofrimento pode desencadear traumas, problemas psíquicos, fobias e desvios de personalidade, muitas vezes graves. Todavia, quando a pessoa consegue superar essas questões, eu admito que o desenvolvimento dela pode ser bonito. A transformação da pessoa, através da dor, sempre foi alvo de diversos contos e encanta multidões que gostam de ver uma pessoa ora mesquinha se transformar em uma pessoa benevolente. Sim, confesso que isso é bonito de se ver, como em filmes que retratam os milagres de Natal. Geralmente, porque a transformação desses personagens acaba ajudando outros personagens que nos trazem empatia e simpatia. Esse tem sido o ponto forte da série até aqui, nesses episódios encantadores.

“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança.” (Romanos 5:3-4)

 

Figura 2 – Anne e a princesa!

A história, então, mostra que o sofrimento que ela passou na cadeia, por três anos, antes de ser sentenciada à morte, fez uma mudança em seu comportamento, tornando-a mais gentil e humana. Deixo aqui outro destaque que acho importante: nem todas as pessoas desenvolvem um lado mais humano com a dor e o sofrimento e muitos se transformam em verdadeiros psicopatas, por isso, quando vejo uma personagem que faz de sua dor uma motivação para se tornar uma pessoa melhor, eu corro para elogiar. E é o caso da princesa Mia Luna. A sua tribulação lhe proporcionou experiência que ela não desprezou, e que a está ajudando a seguir contra esse horizonte tenebroso que se aproxima dela (a morte por conta de uma revolução).

A princesa, agora sabendo de seu futuro, e tendo ainda a experiência de tortura e cárcere, começa uma verdadeira transformação interior, que fica evidente quando ela conhece Anne (uma serviçal verdadeira e fiel) e seu comportamento se abranda. Na cena humorística, Anne deixa um bolo cair, e ainda cai de cara no bolo, deixando Mia louca de raiva. Era o último bolo no castelo. Entretanto, quando Mia vê o rosto de Anne e se lembra dela na época de prisão no futuro, ela muda. Ela, ao invés de repreender sua empregada, a abraça e protege, sendo grata a Anne (do futuro) por tudo que fez por ela. Por sua gentileza e fidelidade. É uma passagem de amadurecimento tão linda quanto a passagem anterior, na qual ela pega um pão e come, deixando lágrimas caírem ao pensar: “Os pães sempre foram assim?”, fazendo referência às suas memórias da alimentação na prisão, com tomates podres que foram enfiados, de forma forçada, por soldados em sua boca, além de pães mofados difíceis de mastigar e engolir. É de enternecer o coração de qualquer um ao ver esse amadurecimento dela. Principalmente quando ela, agora no passado, se diz grata ao cozinheiro por tratá-la tão bem.

Ainda mais para frente, ela visita um bairro de periferia pobre de seu reino (seu diário alterou algumas páginas e achei isso formidável, pois o futuro se molda de acordo com o nosso presente e se altera de acordo com mudanças que fazemos hoje) e, enquanto todos cobrem o rosto pelo fedor do local, ela não reage como eles, pois na prisão ela só tinha um balde para fazer as suas necessidades e nem sempre tomava banho, então, ela passou a entender e a se acostumar com o cheiro ruim de não se ter uma boa higiene pessoal. Isso faz com que um dos personagens que a acompanha se impressione com sua humildade. É mais uma cena de crescimento humano de Mia, que me deixou com lágrimas nos olhos. O sofrimento dela na cadeia foi intenso, como foi o de Edmond Dantès (O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas), e ambos os personagens fizeram desse sofrimento um trampolim para se aperfeiçoarem como pessoas.

Por óbvio, a princesa não se tornou uma personagem sem defeitos. Ela ainda é ingênua, ela ainda precisa de ajuda, é meio desligada e um pouco ingênua, mas é esforçada. Talvez ainda não tenha atingido uma plenitude espiritual (seu crescer absoluto), pois seu desenvolvimento se dá unicamente para sobreviver, salvar-se da guilhotina, mas é, ainda assim, um desenvolvimento lindo de se assistir. É a personagem mais carismática e mais impressionante que pude ver nessa temporada e merece elogios.

E a história ainda vai nos levar a um embate entre nações, pois já é sabido que os revolucionários de seu reino tiveram ajuda externa e financiamento de outra nação, fazendo com que Mia talvez precise lidar com outros reinos. E isso é uma coisa que achei interessante, pois os(as) autores(as) da série aqui escreveram uma verdade. Toda revolução nasce da dor e é sempre estimulada por outros que querem se beneficiar dessa dor para ganhar algo com ela, então, ter um reino financiando uma revolução e desestabilizando o tecido social de um reino é normal e factível. Fiquei impressionado, inclusive, com essa coragem de ter escrito isso e denunciado, de certa forma, o que acontece hoje e o que aconteceu com reinos no passado.

Então, aqui vai uma nota 10 para essa série por estes dois capítulos de uma grande revolução espiritual de uma personagem muito carismática. E deixo, por fim, uma curiosidade que meu “copiloto” (I.A. da Microsoft que se chama mesmo Copilot) escreveu que foi que essa história se baseia no conto de fadas “A Princesa e o Mendigo”. Segundo o Copilot, essa informação apareceu no site TV Tropes.

Quer assistir? Está disponível no site Crunchyroll! Abaixo, a linda e cativante abertura, que tem um tom positivo, mas mostra certos tons sombrios do futuro da princesa.

Por Patrick R de M do site Outrospapos.com

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