Se você achou que a Nintendo está envolta em polêmicas, a Sony e a Naughty Dog decidiram dobrar a aposta.
Por Gui Santos. Revisado por Mafinha
A Sony e a Naughty Dog anunciaram recentemente mais um capítulo em sua estratégia controversa de relançamentos: “The Last of Us: Complete”.
Esta nova compilação, disponibilizada na PS Plus por impressionantes US$ 100 (cerca de R$500 no Brasil), reúne os já várias vezes relançados The Last of Us Parte I (o remake do remaster), a DLC Left Behind e The Last of Us Parte II Remastered.
Uma edição física de colecionador está prevista para 10 de julho de 2025, com preço ainda mais elevado, US$ 110.
O anúncio gerou uma onda de indignação na comunidade gamer, evidenciada pela proporção negativa de reações ao trailer oficial: 21 mil dislikes contra apenas 11 mil likes.
A principal crítica dos jogadores se concentra no fato de que esta compilação não acrescenta absolutamente nenhum conteúdo novo, sendo apenas mais uma forma de comercializar os mesmos produtos a preços premium.
A justificativa oficial apresentada pela Naughty Dog é que o pacote “torna mais fácil do que nunca vivenciar a história completa no PS5”, independentemente de o jogador já ter experimentado os títulos anteriormente ou não.
No entanto, esta explicação soa vazia para muitos fãs que acompanham a trajetória da franquia e observam um padrão de relançamentos frequentes sem adições significativas de conteúdo.
Este lançamento marca o quinto relançamento do primeiro The Last of Us em menos de uma década, enquanto The Last of Us Parte II já está em seu quarto relançamento, apesar de ter sido originalmente lançado há apenas cinco anos.
Esta estratégia agressiva de reempacotar conteúdo existente levanta sérias questões sobre as prioridades criativas e comerciais dos estúdios envolvidos.
O Declínio da Relevância Criativa da Naughty Dog
A situação atual da Naughty Dog reflete uma perda significativa de prestígio criativo. O estúdio, que já foi celebrado como um dos mais inovadores da indústria, não lança uma nova propriedade intelectual há mais de uma década.
Quando finalmente anunciaram um novo projeto original — “Intergalactic: The Heretic Prophet” — a recepção foi notavelmente negativa, indicando uma total erosão da confiança do público.
As polêmicas em torno de The Last of Us Parte II também contribuiu para o descrédito do estúdio.
As escolhas narrativas controversas e as alegadas abordagens políticas divisivas no jogo alienaram parte da base de fãs, resultando em vendas abaixo das expectativas e criando uma fratura na relação entre os jogadores e a empresa, particularmente com seu CEO Neil Druckmann.
A decisão de cancelar o tão aguardado modo multiplayer ambientado no universo de The Last of Us foi outro golpe na credibilidade do estúdio.
Este projeto havia sido prometido como uma expansão significativa do universo, mas seu cancelamento reforçou a percepção de que a Naughty Dog está enfrentando dificuldades criativas e operacionais.
Falta de criatividade ou Desespero?
Os repetidos relançamentos, especialmente a preços elevados, parecem ser uma tentativa desesperada de compensar a falta de novos conteúdos substanciais.
Esta estratégia de “milk” (exploração excessiva) da franquia The Last of Us sugere uma falta de direção criativa clara e uma dependência excessiva de sucessos passados.
A reação negativa a este mais recente anúncio não é apenas uma resposta ao preço elevado, mas um reflexo da frustração acumulada dos fãs com uma empresa que parece ter perdido sua bússola criativa e escolhido um caminho de exploração comercial em vez de inovação.
Para muitos observadores da indústria, esta situação representa um exemplo preocupante de como mesmo os estúdios mais respeitados podem perder sua identidade e relevância quando priorizam estratégias comerciais de curto prazo em detrimento de investimentos criativos substantivos que construíram sua reputação originalmente.