Criado em 1939, o Tocha Humana chegou a combater ao lado do Capitão América na Era de Ouro das HQs
Por Claudio Dirani
Se você circulou pela Terra nos últimos quatro ou cinco anos, certamente foi vítima de uma narrativa mais desqualificada do que o roteiro de Madame Teia: a de que o maior problema dos filmes de super-heróis está no cansaço do público, e não na qualidade das produções.
Os nerds estão ligados. O que falta mesmo é conteúdo e ótimas ideias. Mas substância – não se engane – é o que mais existe nesse rico universo de fantasia, aventura e sonhos.
Nos bastidores da Disney, a resistência sobre as sagas que fizeram sucesso nas HQs é monstruosa. Sem falar na insistência em emplacar personagens de terceira ou quarta prateleira como se fossem estrelas. Não enganam ninguém.
Dito isso, nossa função aqui é executar o que os estúdios Marvel insistem em ignorar: oferecer opções para filmes e séries que poderiam trazer de volta os bilhões das fases 1 e 2 dessas produções.
Na expectativa do (lacrador) Quarteto Fantástico entrar no catálogo do MCU, trago aqui uma hipótese “flamejante”: o resgate do Tocha Humana original, criado décadas antes do supergrupo estrear na primeira HQ da Marvel assinada por Jack Kirby em 1961.
Antes de tudo, o Tocha que poderia ganhar sua chance ao lado das estrelas Capitão América e Namor, não tem qualquer relação com Johnny Storm, transformado com seus três companheiros pelos raios cósmicos.
Criado pelo roteirista/desenhista Carl Burgos, o personagem entrou em cena em outubro de 1939 na revista Marvel Comics #1, editada pela Timely Comics. O Tocha Humana nascido no limiar da Segunda Guerra Mundial é um protótipo avançado de Inteligência Artificial que “deu errado”.
Antes de atuar para combater Adolf Hitler e o nazismo, a intenção era criar um androide à imagem e semelhança do ser humano. O cientista Phineas Horton, entretanto, notou que sua criatura tinha o poder de controlar o fogo, assim que ele entrava em contato com a atmosfera.
Além de Horton, o governo dos EUA também percebeu que o Tocha Humana seria útil para ajudar o Tio Sam na Segunda Guerra – com direito à participação do então presidente, Franklin Roosevelt nos quadrinhos.
Tocha Humana no Universo Marvel
O Tocha Humana – ao lado de Namor e do Capitão América – integra o seleto grupo da Era de Ouro das HQs. Sua estreia no Brasil aconteceu em 1940, no hoje extinto Gibi Mensal. Sua popularização, entretanto, aconteceria somente quando foi adicionado ao elenco da Marvel Comics Group.
Logo em sua largada, a editora de Stan Lee adquiriu os direitos do Tocha do estúdio Funnies Inc (proprietário da Timely Comics) por 28 anos. Em 1966, o personagem foi colocado frente a frente com o Quarteto Fantástico, num crossover muito desejado pelos fãs que acompanhavam a versão robótica nas aventuras do herói.
Chegamos ao ponto em que o Tocha Humana (e seu alter ego, Jim Hammond) original atingiu o auge de sua popularidade – principalmente no Brasil.
Em maio de 1981, a editora Abril reproduziu na edição 23 do saudoso Heróis da TV a primeira parte da saga O Anel das Nebulosas, publicada originalmente em 1975 nos Estados Unidos.
Ao lado do Tocha mecânico em uma capa simplesmente espetacular, os fãs puderam contemplar o nosso robô esquentadinho ao lado de Capitão América, Namor, Bucky e o antigo parceiro do Tocha na Timely Comics: o mutante Centelha como membros dos Invasores.
Mais de uma década depois, precisamente em setembro de 1993, os marvetes ganharam de presente a origem completa do Tocha Humana Original, que saiu no Brasil em Épicos Marvel 4 – três anos após a história ser publicada nos Estados Unidos. Este exemplar está aqui, muito bem guardado, em minha coleção.
Se liga, Kevin Feige. Eu até posso emprestar minha adorada HQ, em caso de interesse. Enquanto isso, pode adiantar o serviço, chamando Chris Evans para reviver o Cap ao lado do Tocha original na telona. Será que bate bilhão?
