Unknown 9 Awakening: desastre caro provocado por agenda ideológica

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Talvez Sófocles explicasse Unknown 9: Awakening como uma tragédia escrita em planilha. Antes mesmo de chegar às lojas, a aventura mística da Bandai Namco foi derrotada por um número que cabe num tweet: 42 pré-vendas físicas, segundo o sempre ácido Stuttering Craig. Nem Pitágoras faria milagre com essa aritmética; é a soma exata de um público que olhou o produto, bocejou e voltou para Baldur’s Gate.

O estúdio insiste que as vendas digitais podem salvar o dia, mas justificativas assim lembram executivo tentando vender assinatura de streaming com gráfico projetado em PowerPoint: todo mundo sabe que os varejistas ainda medem o interesse real. E interesse não existe quando o marketing entrega um trailer desbotado, personagens de plástico e uma heroína que parece saída de um filtro experimental do Midjourney.

O dedo apontado para Sweet Baby Inc. não é gratuito. Kim Belair virou espécie de Dolores Umbridge da indústria: chega prometendo revolução narrativa e deixa salas de roteiristas exalando doutrina. Flintlock, Suicide Squad, Gotham Knights… a lista de cadáveres ilustra por que a simples menção da consultoria acende o sinal vermelho entre jogadores que só queriam diversão descomplicada.

Nem a escalação de Anya Chalotra como referência visual salvou a protagonista Haroona. O que se viu nos trailers foi uma versão andrógina, com a feminilidade amputada por um comitê que parece ter medo de curvas. Quando até Mark Kern pergunta no X “por que fizeram isso com ela?”, é porque o problema ultrapassou o capricho estético e virou sintoma de um moralismo travestido de modernidade.

Resta o gameplay, certo? Errado. As prévias mostram um híbrido indeciso entre ação e puzzle que lembra aqueles jogos de launch line-up esquecidos no fundo da gaveta do PS3. A promessa de explorar a dimensão Fold soa grandiosa, mas o resultado parece uma aula-sonífero de física quântica aplicada à militância. Se nada mudar, Unknown 9 será estudado em MBAs como exemplo definitivo do casamento tóxico entre ativismo corporativo e má direção criativa.

BETA DE DUNE: AWAKENING REVELA O MMO MAIS BRUTAL E IMERSIVO DOS ÚLTIMOS ANOS

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