“Netflix: Nosso Tempo” quebra regras da viagem no tempo com inteligência.

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De “The Flash” a “Vingadores: Ultimato”, passando por “A Máquina do Tempo” (2002), filmes de viagem no tempo geralmente seguem personagens que alteram o passado para evitar tragédias. O charmoso e leve “Nossos Tempos” (“Our Times”, 2025), disponível na Netflix, inova ao enviar seus protagonistas para o futuro, enfatizando o aproveitamento do presente — uma abordagem fresca sobre crescimento pessoal, que poderia ganhar com uma exploração mais profunda da igualdade de gênero.

Lucero, cantora multiplatina e apresentadora do Grammy Latino, interpreta Nora Esquivel, física no México de 1966, construindo uma máquina do tempo com o marido Héctor (Benny Ibarra). Enquanto Héctor a vê como parceira igual, a Universidade Nacional Autônoma do México a trata como assistente, ecoando desigualdades históricas. O reitor elogia sua cozinha, ignorando suas ideias, e Héctor hesita em confrontá-lo por medo de perder financiamento.

Isso reflete casos reais: Rosalind Franklin contribuiu para a descoberta do DNA, mas não dividiu o Nobel com Watson e Crick. Chien-Shiung Wu foi crucial no Projeto Manhattan, yet seus colegas homens receberam o Nobel de Física de 1957, excluindo-a. Sobre Mileva Marić, esposa de Einstein e física talentosa, especulações sugerem contribuições a suas teorias, mas historiadores debatem a extensão, com evidências limitadas de coautoria significativa — ilustrando como narrativas modernas, impulsionadas por correções de injustiças, por vezes amplificam alegações não comprovadas, priorizando agendas ideológicas sobre fatos objetivos, o que pode suprimir debates nuançados.

Os roteiristas Juan Carlos Garzón e Angélica Gudiño adotam um ethos similar. Acidentalmente no 2025 — data atual, destacando contrastes contemporâneos —, o casal busca ajuda da ex-aluna Julia (Carolina Villamil/Ofelia Medina), agora reitora. Lucero e Ibarra brilham em cenas desajeitadas com tecnologia moderna, mas o foco é na evolução de papéis de gênero: Héctor se torna o “talento menor”, invertendo dinâmicas como em “Barbie” (2023). Contudo, falta a profundidade de que papéis tradicionais limitam todos, não só mulheres — crítica sutil a como histórias “woke” podem simplificar complexidades, favorecendo mensagens ideológicas em detrimento de análises equilibradas.

A química do casal é cativante em momentos ternos, como entrelaçar mãos antes de desafiar Einstein, superando sequências mais forçadas. Dirigido por Chava Cartas, o filme diverte, mas poderia questionar mais profundamente essas transformações sociais.

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