O filme do Superman dirigido por James Gunn tornou-se o mais recente campo de batalha na guerra cultural americana, com críticos conservadores denunciando uma suposta agenda “woke” enquanto apoiadores celebram uma abordagem mais humanizada do herói.
O Debate no The View
Durante aparição no programa The View da ABC, os protagonistas David Corenswet e Rachel Brosnahan foram recebidos por Whoopi Goldberg, que expressou admiração pela interpretação mais gentil do personagem. A apresentadora, que foi amiga do falecido Christopher Reeve, compartilhou uma reflexão pessoal: “Me surpreendeu porque pensei, ‘Oh, é verdade. Ele é legal e gentil e ele é diferente.’ Por que eu não reconheci a gentileza? Estava esperando que você se transformasse em alguém que nunca foi.”
A observação de Goldberg é reveladora, sugerindo que até mesmo ela esperava um Superman mais agressivo ou cínico – reflexo, talvez, de como a cultura contemporânea frequentemente confunde força com brutalidade e liderança com dominação.
A Visão do Novo Superman
Corenswet articulou sua esperança de que o filme inspire introspecção nos espectadores: “Pode ser pedir muito, mas gostaria que as pessoas se perguntassem: ‘Há algo mais que eu poderia estar fazendo? Eu poderia ser um pouco mais gentil? Eu poderia assumir mais responsabilidade por mim, minha família, meus entes queridos?'”
Embora a mensagem de responsabilidade pessoal e gentileza seja admirável, resta saber se o filme conseguirá transmiti-la sem cair no didatismo moralizante que tem caracterizado muitas produções hollywoodianas recentes.
A Declaração Polêmica de Gunn
A controvérsia explodiu quando James Gunn declarou ao The Times UK: “Superman é a história da América. Um imigrante que veio de outros lugares e povoou o país, mas para mim é principalmente uma história que diz que a bondade humana básica é um valor e é algo que perdemos.”
Embora a interpretação de Superman como metáfora de imigração não seja nova – remontando às origens judaicas dos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster – o timing e o enquadramento de Gunn parecem calculados para ressoar com debates políticos contemporâneos, transformando um símbolo universalmente amado em potencial munição ideológica.
Reação Conservadora
Apresentadores da Fox News não pouparam críticas. Greg Gutfeld afirmou que o super-herói agora tem “um escudo woke”, enquanto Laura Ingraham declarou no Twitter: “Outro filme que não veremos.” Dean Cain, que interpretou o personagem na série “Lois & Clark” dos anos 90, questionou ao TMZ: “Quão woke Hollywood vai tornar esse personagem?”
As críticas levantam uma questão legítima: até que ponto a reimaginação de personagens clássicos deve servir a agendas políticas contemporâneas? Há uma linha tênue entre atualizar um personagem para novos tempos e transformá-lo em veículo de doutrinação.
O Verdadeiro Desafio
O paradoxo central desta controvérsia é que ambos os lados parecem ter esquecido que Superman sempre representou valores como verdade, justiça e esperança – conceitos que transcendem divisões políticas. A polarização do debate sugere que talvez o verdadeiro problema não seja o filme em si, mas nossa incapacidade coletiva de concordar sobre valores básicos sem transformá-los em armas culturais.
Se o novo Superman conseguirá inspirar bondade genuína ou apenas alimentará mais divisão permanece uma questão em aberto. O teste real será se o filme pode entregar sua mensagem através de uma narrativa convincente, ao invés de sermões cinematográficos que têm tornado tantas produções recentes em exercícios de virtude performática ao invés de entretenimento significativo.