Will Ferrell tenta ressuscitar carreira de roteirista ligada a Weinstein após fiasco de Star Wars custar US$ 230 milhões

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Os números contam a história antes mesmo dos holofotes: documentos fiscais revelaram que The Acolyte custou US$ 230,1 milhões, valor que superou em 30% o teto definido pela Disney  . A conta não fechou — principalmente porque a audiência despencou. No Rotten Tomatoes, a crítica selou 78 %, mas o público empurrou a nota para a casa dos 20 e transformou o lançamento em guerra civil digital  . Resultado: plano de três temporadas mais filme arquivado, conforme admitiu o copresidente Alan Bergman ao justificar que “o retorno não compensaria o investimento”  .

Para piorar o enredo, a mídia descobriu — ou relembrou — que Headland passou seis anos na Miramax, sendo um deles como assistente pessoal de Harvey Weinstein  . Embora ela nunca tenha sido acusada de cumplicidade, a coincidência alimentou o discurso de que a Disney ostenta progressismo seletivo: prega empoderamento feminino enquanto contrata quem trilhou corredores sombrios de Hollywood. Críticos conservadores, cansados do sermão moralista da Lucasfilm, fizeram arrasto nas redes sociais; progressistas defenderam Headland, alegando campanha de “fãs tóxicos”. Fato é que a série não convenceu ninguém além dos algoritmos de likes.

A operação salva‑carreira de Ferrell

Nesse clima aparece Will Ferrell, eterno ícone do Saturday Night Live, que topa produzir Cult of Love, adaptação da peça da própria Headland sobre uma família cristã que vira alvo de culto pós‑moderno  . O projeto soa seguro: orçamento enxuto, roteiro já testado na Broadway e apelo “edgy” suficiente para festivais. Para Ferrell — cuja carreira de comédia sofreu tropeços recentes — virar padrinho de um drama sarcástico é chance de provar versatilidade e, de quebra, posar de herói da diversidade sem arriscar US$ 200 milhões em CGI.

Executivos ouvidos por ScreenRant apontam que o ator pode usar seu selo Gloria Sanchez para atrair talentos low‑cost, enquanto vende a narrativa de “redenção artística”  . Já analistas da Forbes lembram que a Disney economiza ao terceirizar o problema: se Cult of Love vingar, o estúdio ganha crédito por “apostar em vozes femininas”; se fracassar, a conta fica no colo de Ferrell.

A manobra também serve para esfriar o debate sobre “lacração cara”: trocar sabres de luz por drama familiar em escala íntima empacota o mesmo discurso identitário, só que com cheiro de teatro cult — mais barato, menos arriscado e ainda assim politicamente vistoso. Resta saber se o público minguante aceitará outra doutrina, agora sem lasers, mas com sermão indie.

Ferrell, pelo menos, chega à mesa com capital de simpatia que Headland perdeu entre orçamento inflado e slogans vazios. Se conseguir transformar Cult of Love em sucesso de crítica, provará que talento — e não apenas hashtags — ainda rende bilheteria. Caso contrário, Hollywood adicionará mais um cadáver woke ao mausoléu que a própria Disney insiste em decorar com luzes de neon progressistas.

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