Quando Jake Castorena recebeu aquele telefonema da Marvel Animation perguntando se ele queria fazer uma proposta para uma série dos X-Men, o diretor tinha COVID e apenas duas semanas para apresentar sua visão. O que ele entregou não foi apenas um storyboard – foi a ressurreição perfeita de um ícone cultural.
X-Men ’97 estreou com 4 milhões de visualizações em cinco dias na Disney+, tornando-se a maior estreia de série animada da plataforma desde What If…? em 2021. Mas os números são apenas o começo de uma história muito maior: como transformar nostalgia em obra de arte sem perder a alma original.
A Fórmula Secreta: Fãs Fazendo Arte Para Fãs
“Precisávamos de pessoas que fossem realmente boas em seu trabalho e que fossem fãs dos X-Men — esses são os dois maiores requisitos”, explicou Castorena. Essa filosofia simples criou algo revolucionário no mundo das adaptações: uma equipe que cresceu com os personagens fazendo TV para quem também cresceu com eles.
Para Castorena, os X-Men foram mais que entretenimento infantil: “Os X-Men me ajudaram muito naqueles tempos, a não ter vergonha de ser um esquisito e a me orgulhar de ser diferente.” Essa conexão emocional profunda transparece em cada frame da série.
A série alcançou 100% no Rotten Tomatoes, sendo aclamada como “o melhor lançamento da Marvel em anos” pelos críticos. Mais impressionante ainda: é a produção Marvel com maior pontuação crítica da história, superando até mesmo clássicos como Logan.
Nostalgia que Funciona vs. Nostalgia que Mata
O segredo de X-Men ’97 não é simplesmente copiar os anos 90. Como Brad Winderbaum, chefe de animação da Marvel Studios, explicou: “Somos um revival. Já existe uma base na qual, felizmente, estamos presos… É uma combinação do que aprendemos até agora em animação — o estilo reconhecível dos anos noventa, tornando-o produzível nos dias de hoje.”
A série encontrou o equilíbrio perfeito: visual nostálgico com storytelling moderno. As visualizações da série original dos anos 90 aumentaram 522% na Disney+ após o lançamento do trailer de X-Men ’97, provando que a nova geração não estava apenas revivendo memórias – estava descobrindo algo genuinamente especial.
Por Que os Anos 90 Eram o Momento Perfeito
“Quando você olha para os quadrinhos e olha historicamente para os X-Men, aquele período do final dos anos noventa é um dos períodos mais icônicos”, disse Winderbaum. Não foi acidente escolher essa era: é quando os X-Men se tornaram fenômeno cultural global.
A decisão de reviver ao invés de reiniciar foi estratégica. “Existem tantas histórias nos quadrinhos dos X-Men que você poderia continuar contando no estilo de X-Men: The Animated Series”, observou Winderbaum. Por que desperdiçar décadas de material perfeito quando você pode construir sobre uma base sólida?
O Impacto Cultural que Ninguém Esperava
O finale da primeira temporada alcançou 3,5 milhões de visualizações, com crescimento consistente ao longo dos episódios. Mas o verdadeiro impacto vai além dos números: X-Men ’97 foi considerada a série mais antecipada de março de 2024 segundo dados do Whip Media.
A série provou que animação 2D não é coisa do passado – é o futuro quando feita com inteligência. Como noted um crítico: “Representa o melhor tipo de exercício nostálgico. Presta homenagem amorosa à série original enquanto suaviza algumas das arestas daquela série.”
A Receita Para Reviver Clássicos
O que X-Men ’97 ensina sobre adaptações é simples mas revolucionário:
1. Contrate verdadeiros fãs: Não pessoas que “estudaram” o material, mas que viveram com ele.
2. Respeite o legado sem ser escravo dele: Atualize a produção, não a alma.
3. Entenda por que algo funcionou: Os anos 90 dos X-Men não eram sobre nostalgia – eram sobre histórias atemporais de diferença e aceitação.
Ryan Meinerding, chefe de desenvolvimento visual da Marvel Studios, capturou perfeitamente o desafio: encontrar equilíbrio para “capturar o que os fãs amavam sobre a aparência dos personagens em X-Men: The Animated Series, mas garantir que eles também cativassem um novo público.”
Por Que Isso Importa Mais Que Qualquer Reboot
X-Men ’97 foi chamado de “melhor que qualquer coisa da Marvel nos cinemas, live-action, streaming ou animação” por alguns críticos. É uma declaração ousada, mas que faz sentido: quando você entende profundamente o que está adaptando, magia acontece.
A série não é apenas nostalgia bem executada – é proof of concept de que propriedades clássicas podem ser ressuscitadas sem perder identidade. Em uma era de reboots desnecessários, X-Men ’97 mostra o caminho: honrar o passado enquanto constrói o futuro.
Como Castorena disse sobre sua própria jornada: “Eu sentia que os quadrinhos nunca subestimavam o leitor, e isso foi traduzido fielmente para a série animada.” Três décadas depois, X-Men ’97 prova que audiências ainda merecem ser tratadas com inteligência.
E os números concordam: 4 milhões de pessoas não mentem.
X-Men ’97 está disponível na Disney+, com segunda temporada confirmada para 2026.*