Quando Laura Fryer, uma das fundadoras originais do Xbox, declara que o hardware da marca está “morto”, não é apenas mais uma opinião aleatória na internet. É o equivalente a um dos arquitetos do Titanic admitir que o navio está afundando – e não há botes salva-vidas suficientes.
Em seu recente vídeo reflexivo sobre os tempos áureos do lançamento do Xbox original e do 360, Fryer não mediu palavras ao descrever o estado atual da empresa como “caos”. Sua análise sobre o novo ROG Ally foi particularmente brutal: “Literalmente, não há motivo para comprar este portátil”. Quando alguém que ajudou a construir um império diz que não vê razão para comprar o produto atual, Houston, temos um problema.
A declaração mais impactante veio quando Fryer admitiu estar “triste” ao ver “todo o valor que ajudei a criar sendo lentamente corroído”. É como assistir Van Gogh voltar dos mortos apenas para ver suas pinturas sendo usadas como papel de parede em banheiros públicos. A diferença é que Van Gogh pelo menos teve a sorte de não ver sua obra sendo destruída em tempo real.
O diagnóstico de Fryer é claro: o Xbox não tem desejo – ou literalmente não consegue – lançar hardware competitivo. A parceria com o ROG Ally não é uma estratégia, é um atestado de óbito disfarçado de press release. “Pessoalmente, acho que o hardware do Xbox está morto”, declarou ela, e considerando seu histórico, é difícil argumentar contra.
A obsessão atual do Xbox com o Game Pass é reveladora. É a estratégia corporativa equivalente a um músico desistindo de fazer álbuns para viver apenas de streaming – tecnicamente ainda está no negócio, mas perdeu a alma no processo. Fryer reconhece que há “valor” nisso (e cinicamente nota que pode ser por isso que Outer Worlds 2 está custando absurdos US$ 80), mas questiona: qual é o plano de longo prazo?
A resposta parece ser: viver de nostalgia. “O Xbox tem um portfólio extenso”, admite Fryer, citando o sucesso de Oblivion Remastered. Mas há algo profundamente deprimente em uma empresa que já foi inovadora agora sobrevivendo ao regurgitar “jogos antigos de uma época em que o Xbox sabia como construí-los”. É como assistir um boxeador campeão vendendo autógrafos em convenções – tecnicamente ainda está no negócio do boxe, mas todos sabemos que a luta acabou.
Com o 25º aniversário do Xbox se aproximando, a pergunta de Fryer ecoa como um sino fúnebre: “Onde estão os novos sucessos? O que fará as pessoas se importarem com o Xbox daqui a 25 anos?” A resposta implícita é devastadora – provavelmente nada.
O mais irônico é que enquanto o Xbox se preocupa em ser inclusivo, diverso e todas as outras palavras-chave corporativas da moda, esqueceu do básico: fazer produtos que as pessoas realmente querem comprar. Focaram tanto em não ofender ninguém que acabaram não impressionando ninguém também. É o equivalente gaming de um filme da Marvel atual – tecnicamente competente, obsessivamente inofensivo e completamente esquecível.
Laura Fryer pode ter sido uma das fundadoras do Xbox, mas agora parece estar escrevendo seu obituário. E quando as pessoas que construíram algo começam a declarar publicamente sua morte, talvez seja hora de parar de fingir que o paciente ainda tem pulso. O hardware do Xbox não está apenas morrendo – está sendo eutanasiado por uma empresa que perdeu a vontade de lutar.
Talvez o Game Pass funcione. Talvez terceirizar remasters continue gerando lucro. Mas como Fryer sabiamente observa, isso não é uma estratégia – é uma rendição em câmera lenta. O Xbox passou de desafiante do PlayStation para paciente em cuidados paliativos, sobrevivendo com uma dieta de nostalgia e assinaturas mensais.
O funeral do hardware Xbox não terá caixão fechado. Será transmitido ao vivo no Game Pass, naturalmente. Primeira mensalidade grátis para novos assinantes.
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