Y2K: Bug do Milênio: terror sci-fi ambicioso, mas tropeça na execução.

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O Bug do Milênio e a Revolta das Máquinas

 

Antes mesmo das inúmeras controvérsias e teorias da conspiração envolvendo aparatos tecnológicos atuais ganharem força nas redes sociais e inspirarem realizadores audiovisuais, houve uma época de grande pânico nos Estados Unidos – o Bug do Milênio. Para os desconhecidos, o bug premeditava uma falha nos computadores e arquivos-base de objetos tecnológicos devido à utilização de apenas dois números para indicar o ano (não diferenciando, por exemplo, os anos 2000 e 1900). Com potencial destrutivo e quase aniquilador, pessoas estocaram suprimentos com medo de um apocalipse tecnológico na chegada do novo milênio – o que se provou falso. A lenda urbana, porém, permaneceu viva e inspirou cineastas, como Kyle Mooney em sua estreia diretorial, ‘Y2K: O Bug do Milênio’. Disponível no Prime Video, a história acompanha jovens em uma festa de réveillon de 1999, sem noção de que, à meia-noite, os aparelhos eletrônicos ganhariam vida e iniciariam uma matança para reclamar seu lugar como donos da humanidade.

 

Entre a Nostalgia, o Terror e a Comédia

 

A trama bebe da fonte de projetos que exploram a evolução tecnológica, com o diferencial de um nostálgico retorno ao passado através de figurino, trilha sonora e fotografia, além de um elenco talentoso que se entrega a uma aventura espirituosa da A24. Mooney, também roteirista ao lado de Evan Winter (e com uma participação no elenco), constrói uma miscelânea tonal e estilística que se perde e acaba apostando em fórmulas genéricas. O filme apresenta Jaeden Martell (‘IT: A Coisa’) e Julian Dennison (‘Como Treinar o Seu Dragão’) como Eli e Danny, melhores amigos e “zé-ninguéns” do colégio que buscam popularidade na virada do ano. Na festa de Ano Novo, Eli cria coragem para beijar Laura (Rachel Zegler), sua paixão secreta. A festa é interrompida quando as máquinas se tornam sencientes e assassinas, forçando Eli, Danny, Laura e outros sobreviventes a fugir. Danny é morto por um robô, deixando Eli em busca de vingança e determinado a destruir o plano das máquinas de escravizar os humanos. Eli e Laura unem suas inteligências para criar um código-fonte capaz de destruir o algoritmo dos robôs e salvar a realidade. A narrativa mistura terror e comédia, o que funciona inicialmente, com bordões da época e a participação de Fred Durst (Limp Bizkit). O humor, porém, não atinge seu potencial ao se voltar constantemente para o drama adolescente e o coming-of-age, elementos que prejudicam o ritmo da produção, focada na luta pela sobrevivência contra máquinas sanguinárias. O elenco é admirável, com destaque para a química entre Martell e Zegler, além da presença de Mooney, Lachlan Watson e Mason Gooding. Apesar dos diálogos falhos, os atores se divertem nessa “farofada” de boas intenções e momentos pontuais de glória. Destaque também para os efeitos práticos dos robôs, uma homenagem aos anos 1990. ‘Y2K: O Bug do Milênio’ acerta e erra, culminando em um longa que se leva a sério demais no final. Apesar do esforço do elenco, a frustração e a sensação de incompletude persistem.

 

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