Zom 100: A crítica de Shizuka aos super-heróis é válida?

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Super-heróis são amplamente vistos como o pináculo da realização e moralidade humanas, mas a crítica de Shizuka ao sonho de Akira questiona esse fato.

A motivação dos super-heróis em xeque

Após presenciar o primeiro ato heroico de Akira, Shizuka tem muito a dizer. Ela conclui que o desejo dele de ser um herói está enraizado na necessidade de reconhecimento, pois não é valorizado pela sociedade, além de ter baixa autoestima. Em suas palavras: “É o que faz homens, tipicamente desvalorizados pela sociedade e sem autoestima, desejarem se tornar heróis”.

Ela atribui essa visão a “psicólogos”, mas na realidade diz mais sobre sua personalidade. A opinião de Shizuka sobre super-heróis representa uma racionalização para seu próprio egoísmo e medo de correr riscos. Ironiacamente, o diagnóstico de Shizuka sobre o sonho de Akira como um “mecanismo de defesa psicológico” poderia muito bem se aplicar a sua própria necessidade de explicar o objetivo dele. Ainda assim, o dano já está feito e a aparente validade de sua teoria faz Akira questionar o que realmente significa ser um herói.

A singular concepção de herói em Zom 100

Akira não recebe uma resposta direta sobre o que significa ser um herói e acaba respondendo a si mesmo. Quando os zumbis atacam repentinamente, Akira age por instinto e corre de cabeça em direção ao perigo, arriscando sua própria vida para proteger os outros. Ao simplesmente agir em vez de pensar, Akira mostra que a razão por trás das ações heróicas de alguém, no final, não importa; o que importa é o ato em si.

Visto dessa luz, a concepção de herói em Zom 100 é fundamentalmente diferente do que Shizuka associa a heróis. Sua crítica pode ter alguma base psicológica para algumas pessoas, mas de nenhuma forma pode ser generalizada para conter todos os atos de heroísmo e auto-sacrifício.

Akira resgata Shizuka de mais de uma forma

Ao salvar sua vida no Episódio 5, Akira deu a Shizuka a coisa mais preciosa para ela e não pediu nada em troca, mostrando na prática o que era ser um herói. Shizuka assumiu que as pessoas sempre precisam de uma razão autoserviente racional para cada ação, e foi aí que sua psicanálise de Akira falhou. Na realidade, Akira mostra que nem tudo que uma pessoa faz pode ser baseado puramente na razão; precisa haver espaço para irracionalidade e pura criatividade.

A coragem de correr riscos sem recompensa garantida é definitivamente irracional, mas também pode levar às melhores coisas da vida. Este é um tema recorrente em Zom 100, e a capacidade de correr riscos é algo que Shizuka inicialmente não tem, o que a fez se afastar e evitar outras pessoas. No final, ela prova que Akira mudou sua mente quando finalmente concorda em trocar informações de contato com ele, apesar de não ser necessariamente “seguro” fazer isso.

A morte está literalmente sempre perseguindo Kencho, Akira e Shizuka na forma de zumbis, e isso força as crenças e ideais de cada personagem a sair de uma posição puramente conceitual para algo que eles são forçados a representar e mesmo se tornar. Quando os ideais de Shizuka são desafiados por Akira inicialmente, ela consegue rebater e negar os ideais que ele incorpora porque ainda tem esse luxo. No entanto, depois de ser salva pelo auto-proclamado super-herói, Shizuka não tem escolha a não ser enfrentar o fato de que suas próprias ideias falharam na prática, e Akira inadvertidamente se torna o herói que salvou Shizuka de si mesma.

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