ARTIGO: Esquadrão Suicida, os bastidores de um dos maiores fracassos da história dos games

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Sim meus queridos, estou de volta no Se Liga Nerd após um período de ausência, com este artigo especial de três partes sobre um dos maiores flops da história dos games. Flop esse merecido.

 

Desde seu anúncio, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça já estava envolto em polêmicas e desapontamento dos gamers. Seja pela forma de como o jogo estava sendo apresentado, sua proposta como um “jogo como serviço” pago, por segundo os devs fazer parte do universo Arkham apesar de estar totalmente destoante desse universo e principalmente por informações e vazamentos antes do lançamento que já apontavam o quanto esse jogo seria uma bomba. Dito e feito. O jogo não apenas teve um dos beta teste conturbado e mal planejado como também um lançamento segundo a própria Warner “muito aquém das expectativas”.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça causou frustração e indignação da galera, com a descaracterização (ou até mesmo nenhuma) dos protagonistas e personagens que foram destaques na trilogia Arkham como Arlequina e Coringa, a história sem pé nem cabeça, visual e gráficos piores que até mesmo o primeiro Batman Arkham e o mais importante, o total desrespeito ao próprio Batman e praticamente à toda Liga da Justiça. Sem contar as pitadas sórdidas de lacrate e “empoderamento”, como a Arlequina dando sermão e lição de moral no Batman. Sim, isso mesmo que vocês leram.

Mas acho que os maiores indicadores para o que digo ser um dos maiores fracassos da história dos games estão nos bastidores da produção caótica do jogo. Bastidores estes revelados por Jason Schreier, jornalista da Bloomberg, que já estavam sendo abordados um pouco antes do lançamento e agora vieram ainda mais detalhes. Neste artigo trarei um resumo de tudo que foi revelado sobre Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça que no exato momento em que estou escrevendo este artigo, está penando pra passar de míseros 200 jogadores simultâneos no Steam.

QUASE 10 ANOS DE UM JOGO COM ORÇAMENTO DE BLOCKBUSTER E AMBIÇÃO DEMAIS

Exatamente meus queridos, o jogo do Esquadrão Suicida teve quase 10 ANOS em desenvolvimento. Isso porque o jogo estava planejado para ser lançado um pouco depois do filme “Esquadrão Suicida” de David Ayer, justamente para embarcar na hype (ou não) do filme. Quem estava à cargo do jogo era a Warner Games Montreal, o mesmo estúdio que iria produzir outro fracasso da Warner Games, Gotham Knights. Mas este jogo do Esquadrão Suicida não ficou pronto à tempo e acabou sendo cancelado em 2016.

Mas a Warner não queria desistir do projeto, tendo até mesmo ambições bem anormais e bizarras das quais abordarei mais pra frente. Foi então que a Warner decidiu passar a batata quente para a Rocksteady, que após Arkham Knight não tinha quaisquer interesse em trabalhar com as propriedades da DC. Porém a Warner praticamente forçou a Rocksteady cancelar seu projeto de IP original para trabalhar em um jogo do Esquadrão Suicida, isso ainda em 2017.

Portanto o jogo esteve oito anos em desenvolvimento, o mesmo tempo de desenvolvimento da trilogia Arkham INTEIRA. Ao longo desse tempo ocorreram várias tentativas de planejamento, todas das quais tornaram-se um completo inferno dentro da Rocksteady, principalmente para os criadores da produtora Sefton Hill e Jamie Walker.

Mesmo assim com o projeto nas mãos da Rocksteady, a Warner tinha esperança de que o jogo seria um grande sucesso, até mesmo visando um lucro bilionário com ele. Por conta disso, a Warner investiu pesado no jogo com um orçamento que já passava dos 200 MILHÕES de dólares, praticamente custo de um filme blockbuster. Porém, toda essa ambição acarretaria em um dos maiores tropeços da Warner.

DESENVOLVIMENTO, ANÚNCIO, SWEET BABY INC, DIVERGÊNCIAS E SAÍDA DOS FUNDADORES DA ROCKSTEADY

Nos primeiros anos de desenvolvimento do jogo, mais precisamente entre 2017 e 2019, a Rocksteady estava trabalhando em segredo no projeto e ainda diante do desapontamento de Sefton Hill, co-fundador da Rocksteady. Mesmo assim, o projeto não havia sido revelado nem mesmo para devs que estavam interessados em trabalhar na produtora. Isso acarretou em um “Development Hell” de proporções terríveis, já que ao chegarem no estúdio vendo que iriam trabalhar em um projeto totalmente diferente do qual a Rocksteady trabalhou na trilogia Arkham, muitos dos contratados acabaram saíndo da Rocksteady.

Foi aí que as divergências se agravaram. Jamie Walker e principalmente Sefton Hill não estavam nada satisfeitos com as várias tentativas de planejamento do jogo. Eles queriam manter o foco no combate corpo a corpo como nos jogos Batman Arkham, porém as várias interferências da Warner, da DC e até mesmo de boa parte da própria equipe da Rocksteady resultaram na mudança de visão para o foco em armas de fogo, sendo que muitos dos personagens do jogo não são conhecidos como usuários de armas.

Parte da equipe da Rocksteady, juntamente com recém-contratados, estavam indo contra os próprios fundadores da empresa. E essa parte veio de uma certa empresa de “consultoria” da qual hoje em dia conhecemos bem, a Sweet Baby Inc. À contra-gosto dos fundadores, a Rocksteady
passou a ser uma das clientes da SBI, empresa que se tornou o centro de um dos maiores exposed da história dos games, mostrando o quanto a agenda woke já estava agindo e querendo contaminar a indústria dos games. A Rocksteady infelizmente foi uma das vítimas. Tanto que boa parte dos roteiristas deste jogo do Esquadrão Suicida vem da Sweet Baby Inc, incluindo a CEO Kim Belair.

Não bastando o processo conturbado de desenvolvimento, o jogo teve mais de 20 roteiristas. Sim, 20 ROTEIRISTAS. Para comparar, Batman Arkham City teve apenas 3 roteiristas.
Com esta “sala de roteiristas”, as várias divergências e frustrações com a falta de uma visão concreta foram os motivos para as saídas de Hill e Walker da produtora que eles próprios fundaram em 2022, dois anos após o conturbado anúncio do jogo do Esquadrão Suicida, que ainda passaria por vários adiamentos.

A notícia das saídas de Hill e Walker chocaram a Warner e a outra parte da equipe que estavam do lado de Hill. Então eles fundaram em Janeiro a Hundred Star, convidando ex-funcionários da Rocksteady para trabalharem lá, segundo eles agora sem quaisquer pressão.

LANÇAMENTO E O FLOP MAIS DO QUE ANUNCIADO

Foi em meio à tanto caos nos bastidores, vários adiamentos e vazamentos que Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça foi lançado em 2 de Fevereiro de 2024 e o resultado não poderia ser pior para a Rocksteady e para a Warner. O jogo estreou abaixo de 13 mil jogadores simultâneos no Steam, números considerados muito baixos, ainda mais se tratando de um jogo que se passa dentro do mesmo universo dos jogos Batman Arkham. E estes números foram só ladeira abaixo já na primeira semana após o lançamento.

Os motivos para estes números pífios do jogo são vários. Os principais foram a jogabilidade confusa e bugada, o fato de ser um “jogo como serviço” vendido à preço cheio, a história muito ruim (mesmo tendo mais de 20 roteiristas), personagens nada carismáticos e desrespeito à personagens legado como Batman, Flash e Superman.

A Warner, que já está em uma situação financeira bem ruim e que visou de forma bizarra um lucro bilionário com um jogo do qual o fracasso estava mais do que anunciado,
acabou tomando um choque com um jogo que não supera em nada tudo que havia sido feito nos jogos Arkham. David Zaslav, chefe da Warner Bros. Discovery em uma reunião sobre os resultados financeiros da empresa que ocorreu no mês passado disse que Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça foi “decepcionante” e que o fracasso do jogo afetou de forma significativa os lucros da empresa.

Inclusive já estão rolando rumores de que a Rocksteady está prestes à fechar as portas.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é mais uma prova de que essa frase aqui faz cada vez mais sentido: “Get woke, go broke!”

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