Mark Kern, co-criador de World of Warcraft, revela o momento em que a Blizzard começou a morrer

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Mark Kern, um dos principais nomes por trás de jogos icônicos como Diablo, Starcraft e World of Warcraft, contou em entrevista quando percebeu que a Blizzard, empresa que ajudou a definir gêneros inteiros de games, começou a entrar em declínio.

Segundo Kern, conhecido como “Grummz”, as coisas começaram a mudar conforme o dinheiro entrava na companhia e uma mentalidade mais corporativa se instalava. Um momento crucial foi quando, pouco antes do lançamento de WoW, os executivos ordenaram a demissão de 10% da equipe para cortar custos.

“Isso é errado. Dissemos a essas pessoas que não éramos como a EA, que não iríamos contratar e demitir em massa. A Blizzard era uma família”, relatou Kern. Ao contestar a decisão, ouviu de um vice-presidente: “Agora somos uma empresa de verdade”. Ali, Kern percebeu que a essência da Blizzard seria alterada em nome do lucro.

Saída de talentos e atrasos em expansões após demissões em massa

As demissões foram conduzidas de maneira desastrosa, com pessoas gritando no estacionamento. Uma grande parte da equipe de WoW pediu demissão para ir para a concorrente NCsoft. Com o time dizimado e o moral abalado, a capacidade de produzir expansões no tempo previsto ficou comprometida.

“Burning Crusade é uma boa expansão, mas imagino que teria saído antes e com mais recursos, como as raças jogáveis Naga que Metzen queria, se a equipe original estivesse intacta e motivada”, especulou Kern.

Ingerência da Activision e política interna minaram cultura da Blizzard

Porém, para Kern, o verdadeiro início do fim foi quando a Activision comprou a Blizzard. A desenvolvedora sempre teve autonomia para manter sua cultura, mas com a Activision no comando e a ascensão dos jogos mobile, a dinâmica de poder mudou.

“Acredito que foi quando a Blizzard começou a perder o controle interno”, analisou Kern. “Outro problema foi o aumento da politicagem entre equipes, com líderes contratando pessoas para formar seus ‘exércitos’ contra outros departamentos, demarcando territórios.”

A mudança para um novo escritório, com diferentes níveis de acesso por crachá, acabou com o estilo mais horizontal da empresa. “Qualquer um podia ir até minha sala reclamar sobre o jogo sem medo de ser demitido, mas essa compartimentalização e a mentalidade corporativa destruíram a cultura da Blizzard.”

Para Kern, dinheiro, poder e política interna corrompem a essência criativa de uma empresa, como visto não só na Blizzard, mas também na Lucasfilm e Marvel. Nomes consagrados que perderam sua magia ao se renderem a uma cultura “woke” e corporativa. Será esse um caminho sem volta no cenário atual?

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