Nos últimos meses, a empresa canadense de consultoria narrativa Sweet Baby Inc. tem sido alvo de muitas discussões e críticas no mundo dos videogames. Fundada em 2018, a missão declarada da companhia é “contar histórias melhores e mais empáticas, ao mesmo tempo em que diversifica e enriquece a indústria de games”.
Grandes Estúdios Contratam seus Serviços
Apesar de relativamente jovem, a Sweet Baby já foi contratada por alguns dos maiores estúdios para oferecer seus serviços de consultoria em diversidade e inclusão em lançamentos ‘Triple-A’. Entre os jogos que tiveram seu envolvimento estão:
– God of War: Ragnarok (Sony): consultoria de narrativa e personagens, com foco em representação
– Suicide Squad: Kill the Justice League (Warner): roteirização de diálogos e cenas
– Marvel’s Spider-Man 2 (Insomniac): consultoria de história
Polêmicas Envolvendo o Spider-Man 2
A participação da Sweet Baby veio à tona em 2023, quando jogadores vasculhando os créditos de Spider-Man 2 em busca de explicações para as decisões narrativas progressistas e exageradas do jogo – que incluíam revelar a Gata Negra como bissexual, passar totalmente a identidade do Homem-Aranha do Peter para o Miles, e a notável ausência de policiais no game.
Muito Criticada, mas Seria a Verdadeira Vilã?
Desde então, o trabalho da empresa tem sido muito escrutinado e criticado, com jogadores regularmente condenando seu envolvimento em qualquer jogo por medo de que tentem reescrever as narrativas com discursos sociopolíticos.
Embora boa parte das críticas seja merecida, surgiu recentemente uma narrativa particularmente absurda: de jogadores individuais a youtubers e veículos de mídia, muito se fala como se a Sweet Baby fosse uma entidade todo-poderosa e onipresente, responsável pela crescente submissão da indústria aos conceitos de “diversidade, equidade e inclusão”.
Um Sintoma de um Problema Maior
A verdade é que a Sweet Baby não é a responsável pela guinada ideológica da indústria nas últimas décadas (nem pelo declínio nos padrões de gameplay, mas isso é assunto para outro artigo).
Ela é apenas um sintoma de um problema muito maior. De filmes a quadrinhos e games, o conceito de DEI (DEI é a sigla para Diversidade, Equidade e Inclusão) se enraizou na maioria das indústrias de entretenimento mainstream. Muitos estúdios submetem seus projetos a “leituras de sensibilidade” para garantir que nenhum aspecto cause ofensa a qualquer grupo.
Mas a Sweet Baby Não Está Sozinha
As empresas preferem fazer esse processo internamente, mas para aquelas sem recursos para isso, agências de consultoria como a Sweet Baby podem ser contratadas. E aí está a questão central: com as leituras de sensibilidade em alta demanda atualmente, graças ao domínio da política neoliberal na indústria de games, não faltam empresas similares dispostas a prestar esses serviços.
Black Girl Gamers, Dragon Baby, Hit Detection, James Mendez Hodes, Gaymer X. Como se vê, não é só a Sweet Baby. Enquanto o esquema DEI continuar existindo, esses serviços continuarão sendo procurados, e sempre haverá quem os forneça.
Portanto, embora seja importante continuar analisando criticamente a Sweet Baby, é igualmente fundamental que os jogadores descontentes não foquem toda sua atenção em um inimigo isolado quando seus reforços estão logo atrás, ou nenhuma mudança real ocorrerá.
