Apesar das Evidências, Executivo Afirma que Entretenimento é o Foco Principal da Empresa
Em uma entrevista recente ao programa “Squawk on the Street” da CNBC, o CEO da Disney, Bob Iger, surpreendeu ao negar que a inclusão de mensagens sociopolíticas seja a prioridade número um nos projetos da gigante do entretenimento. A declaração, que soou como um caso clássico de gaslighting, vai na contramão das críticas populares e das evidências apresentadas pela própria produção recente do estúdio.
Durante a conversa com o apresentador David Faber, Iger abordou diversos temas, como o futuro financeiro da Disney, os planos para a ESPN e o recente acordo com o estado da Flórida sobre a governança do distrito onde se localiza o parque temático Walt Disney World. Questionado sobre como lidou com as hostilidades públicas direcionadas a ele nos últimos anos, particularmente vindas do CEO da Tesla, Elon Musk, Iger afirmou simplesmente ignorá-las, alegando não terem relevância para a empresa ou para ele próprio.
Ao ser pressionado por Faber sobre as “campanhas anti-woke” de Musk e do investidor Nelson Peltz, Iger reforçou não se distrair com esse tipo de coisa, apesar das pessoas o perseguirem, junto à empresa, há anos. Quando o apresentador pontuou que a questão do “woke” teve um impacto maior e questionou se Iger sentia estar conseguindo se manter fora das guerras culturais, o executivo declarou que sim, e que o barulho em torno do assunto havia diminuído.
“Venho pregando isso há muito tempo na empresa, antes de sair e desde que voltei, que nosso objetivo número um é entreter”, disse Iger. “O termo ‘woke’ é usado de maneira bastante liberal, sem trocadilhos. Acho que muitas pessoas nem entendem realmente o que isso significa. A questão é que infundir mensagens como uma espécie de prioridade número um em nossos filmes e programas de TV não é o que estamos fazendo.”
No entanto, a afirmação de Iger de que a Disney não prioriza mensagens sociopolíticas em seus projetos é patentemente absurda, dado não apenas a produção real dos últimos anos, mas também vazamentos recentes que sugerem que a guinada política da empresa foi impulsionada pela oposição do próprio Iger aos eventos de 6 de janeiro.
De “The Proud Family: Louder and Prouder”, com seu mergulho total no “antirracismo” e na política identitária, às várias trocas de raça em produções como o Universo Cinematográfico Marvel e “Percy Jackson e os Olimpianos”, passando por “She-Hulk: Attorney at Law”, não faltam exemplos da Disney tornando suas “mensagens” uma prioridade.
Embora Iger tenha ressaltado a importância de ser uma empresa de entretenimento em primeiro lugar e de alcançar um público amplo e diversificado, refletindo essa diversidade nas histórias contadas, suas palavras soam dissonantes diante do conteúdo produzido pelo estúdio. A tentativa de agradar a todos, como o próprio executivo reconheceu, não é fácil, e a Disney parece ter se desviado de suas raízes ao abraçar a cultura “woke” de Hollywood.
Resta saber se as declarações de Iger representam uma mudança genuína de direção para a empresa ou se são apenas uma cortina de fumaça para acalmar os críticos. De qualquer forma, a Disney terá um longo caminho pela frente para reconquistar a confiança de seu público e provar que o entretenimento, e não a agenda política, é sua verdadeira prioridade.