Disney aposta em vilões góticos para roubar a cena do Epic Universe — genial ou só maquiagem em cima de palco?

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A Disney divulgou um teaser cheio de fumaça púrpura e riffs de guitarra anunciando Disney Villains: Unfairly Ever After, estreia marcada para 27 de maio no Sunset Showcase  . O enredo é simples como feitiço de caldeirão: Cruella de Vil, Capitão Gancho e Malévola saltam de um Espelho Mágico “quentíssimo” para reclamar ao público que foram injustiçados. O Espelho — videowall de última geração — vira narrador e vocalista, misturando teatro dramático com rock and roll e pitadas de orquestra gótica  .

À primeira vista, parece só entretenimento. Mas dê zoom e verá a régua de ROI: o mesmo teatro acomodava o relâmpago morno Lightning McQueen’s Racing Academy. Ao trocá‑lo por um musical dark, o estúdio tenta capturar duas audiências de uma tacada: fãs de vilões e visitantes que consideram pular o Hollywood Studios para conhecer o Epic Universe da Universal, abrindo três dias antes, em 22 de maio  . O timing não é coincidência: a Disney precisa mostrar “novidade imperdível” justamente quando o vizinho inaugura um parque inteiro.

Entre Epic Universe e Terra dos Vilões: estratégia ou remendo?

Os Imagineers prometem “efeitos imersivos dignos de vilão” — projeções 360°, drones indoors e cenários que mudam em segundos  . O espetáculo também funciona como trailer ao vivo para a futura Área dos Vilões no Magic Kingdom, cuja construção deve acelerar após 2025  . Traduzindo: gaste agora seu ingresso no Hollywood Studios, volte daqui a dois anos e gaste de novo na nova land.

A jogada é arrojada, mas carrega riscos. Primeiro, Disney corre para reforçar um parque que já possui atrações de peso — Rise of the Resistance, Tower of Terror — ao invés de investir em novidades exclusivas no Magic Kingdom, onde o fluxo é maior. Segundo, vilão arrependido virou cliché recente; a própria Cruella live‑action brincou com a mesma ideia de “mal‑compreendida”. Terceiro, críticos apontam que a empresa evita conteúdos ligados à “cultura woke” em plena revisão de custos; apostar em rock gótico pode ser só a capa dark de um roteiro inofensivo.

Ainda assim, Unfairly Ever After oferece algo que a Disney perdeu nos últimos anos: ousadia estética. Se o show entregar a mistura de humor ácido, luz negra e solos de guitarra prometidos, pode virar queridinho de TikTokers e sustentar o parque até a Villains Land abrir. Caso pareça workshop de musical de colégio coberto de LED, reforçará a impressão de que a Disney pinga produtos para “manter o público vivo” enquanto o concorrente estreia um parque inteirinho.

No fim, a pergunta inicial volta ao espectador: vale trocar o Epic Universe por 25 minutos de vilões cantores? A magia — ou a maldição — está nos olhos (e no bolso) de quem paga.

A Branca de Neve comunista da Disney

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