Doctor Who “troca de raça” de Isaac Newton e gera polêmica

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O universo ficcional de Doctor Who permite que os roteiristas viajem por diferentes épocas e culturas. Mas o mais recente episódio especial, intitulado “Wild Blue Yonder”, foi longe demais para alguns fãs ao retratar uma versão negra de Isaac Newton.

O episódio se passa em 1666, pouco antes do famoso incidente em que uma maçã caiu na cabeça de Newton, inspirando sua teoria da gravidade. Quando a TARDIS do Doutor pousa perto de uma macieira, ele encontra um homem negro, depois revelado como sendo Newton.

Esta “troca de raça” gerou controvérsia. Afinal, Newton nasceu no condado de Lincolnshire na Inglaterra no século 17, filho de pais brancos ingleses. Sua etnia nunca foi posta em dúvida pelos historiadores.

Críticos veem isso como uma manobra para forçar diversidade a qualquer custo, mesmo que não faça sentido histórico. Já os defensores argumentam que, por se tratar de uma série de ficção científica, pequenas alterações são aceitáveis.

De fato, Doctor Who nunca se prendeu 100% à precisão histórica. Mas mexer com figuras mundialmente conhecidas como Newton é visto como politicamente motivado por alguns fãs e críticos.

Lacração sem limites

Não é a primeira vez que a série abraça ideologias progressistas que parecem fora de lugar em certos contextos históricos.

Recentemente, um episódio sobre a Idade Média inglesa retratou uma lady negra como parte da nobreza local. Em outra aventura, o Doutor sugeriu que Jesus de Nazaré poderia ter sido transgênero.

Para alguns, essas decisões criativas beiram o anacronismo em nome do que chamam de “lacração”. A necessidade de passar uma mensagem politicamente correta acaba se sobrepondo à lógica histórica e à coerência narrativa.

E o caso de Newton não é o primeiro em que uma figura histórica real é “trocada de raça”. Nos últimos anos, isso se tornou relativamente comum em Hollywood.

Deuses nórdicos e nobres ingleses foram retratados por atores negros em filmes como Thor e Bridgerton. A Pequena Sereia da Disney ganhará uma protagonista negra no próximo ano.

Em suma, trata-se de uma tendência crescente que ainda gera muito debate hoje em dia.

Ficção permite liberdades criativas

A outra perspectiva é que se trata apenas de ficção. A série Doctor Who sempre se permitiu liberdades criativas com pessoas e eventos históricos.

Se Shakespeare ou Van Gogh podem conversar com o Doutor, por que Newton não poderia ser reimaginado como negro? Não se trata de reescrever a história, mas de se divertir com universos alternativos.

Além disso, aumentar a diversidade na TV, mesmo que de forma forçada, tem valor em si. Pode inspirar crianças negras a se interessarem por ciência, ao verem um cientista famoso que se parece com elas.

De fato, é impossível provar que Newton era branco. Retratá-lo como negro em ficção é uma licença poética tão válida quanto qualquer outra.

O debate promete continuar

Provavelmente Doctor Who continuará abraçando a diversidade em épocas históricas predominantemente brancas. E a polêmica em torno disso também não deve morrer tão cedo.

Enquanto alguns comemoram o fato da série trazer representatividade a minorias, outros condenam o que classificam como “lacração” descabida e politicalha.

O público segue dividido. De um lado, aqueles que querem ver seu próprio grupo representado em suas séries favoritas, mesmo em contextos históricos de outra época. Do outro, fãs mais conservadores que prezam a coerência narrativa acima de tudo.

O debate sobre diversidade e fidelidade histórica está longe do fim. E Doctor Who seguirá provocando reações mistas com seus retratos criativos de figuras históricas importantes como Newton. Resta saber até onde os roteiristas irão levar essas releituras.

 

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