Músico nos deixou em 28 de setembro, aos 88 anos
Por Claudio Dirani
Quem segue religiosamente a carreira de Bob Dylan, sabe que em agosto de 1966 o bardo de Minnesota estava trancado no Columbia Music Row Studios, em Nashville, gravando o álbum que se tornaria talvez o mais referenciado de sua longa jornada no showbiz: o inimitável Blonde On Blonde.
O que poucos – e somente os mais fanáticos – se lembram, é que um certo artista chamado Kristoffer Kristofferson trabalhava como assistente geral no mesmo local, um dia sonhando em seguir os passos das lendas do country e – por que não – dos astros de Hollywood.
De fato, Kris Kristofferson, então com 30 anos, era mais velho que o próprio Bob, que àquela altura já dominava o cenário pop, de costa a costa.
No momento em que o mundo celebra a vida do norte-americano nascido em Brownsville, Texas, e que nos deixou há poucos dias, aos 88 anos, o Se Liga Nerd presta o seu tributo a um dos raros talentos que se destacou tanto na música como no cinema, colecionando prêmios e milhões de fãs durante mais de cinco décadas.
Kris Kristofferson: não foi precoce, mas foi craque
Para Kris Kristofferson, o universo de possibilidades do pop se abriu no começo dos anos 70, logo após lutar por um lugar ao sol nos disputados palcos de Nashville.
Ao deixar o estúdio da Columbia, Kris – um ex-oficial da Aeronáutica – apostou tudo na arte de compor, em busca dos almejados hits na capital da country music.
“Quando vim para Nashville, estava tocando em uma banda do Exército, então as pessoas me apresentavam como se eu fosse alguém”, relembrou Kristofferson à Rolling Stone. “Todo mundo ainda me chamava de ‘Capitão’. E eu escrevi sete, talvez 11 músicas naquela primeira semana. Eu pensei que se eu não conseguisse como compositor, eu pelo menos teria material para ser o Grande Novelista Americano. As pessoas e os lugares que eu estava vendo eram mais emocionantes do que qualquer coisa que eu já tinha visto”, revelou o artista à revista, em 2009.
Das Forças Armadas para os melhores palcos e estúdios dos EUA, Kris Kristofferson aproveitou as chances que apareceram – e fez melhor.
Antes de decolar em definitivo, o artista texano conseguiu emplacar alguns sucessos, mas nas vozes de outros artistas que gravaram suas então novíssimas composições. Entre eles, o “matador” Jerry Lee Lewis, um dos membros do Million Dollar Quartet, ao lado de Elvis Presley, Carl Perkins e
Logo em seguida, após gravar seu primeiro álbum – Kristofferson (1970) – o cantor-compositor pôde comemorar seus primeiros sucessos comerciais: “Me and Bobby McGee” (sucesso na voz de Janis Joplin) e “Help Me Make It Through the Night” – single que ganharia versões não menos celebradas como Elvis Presley e Willie Nelson.
Globo de Ouro
Quase na mesma linha temporal de sua carreira musical, Kris Kristofferson também decolou em Hollywood. Depois de contracenar com Bob Dylan em Pat Garrett & Billy The Kid (1973), sua atuação como John Norman Howard no primeiro remake de Nasce Uma Estrela (1976) garantiria ao astro o Golden Globe de melhor ator.
Outras produções de destaque em sua jornada cinematográfica incluem O Portal do Paraíso (1980), com Christopher Walken e Jeff Bridges, Por Trás de um Assassinato (1984), além de duas cultuadas participações como coadjuvante em Planeta dos Macacos (2001), de Tim Burton, e Blade I e II, brilhando ao lado de Wesley Snipes.
Escrever sobre Kris Kristofferson é fácil e complexo ao mesmo tempo. É impossível resumir sua carreira em uma matéria – e sua importância para a cultura pop.
Apesar de agora velarmos sua morte, o mais importante agora é exaltarmos sua memória.
R.I.P.