O fim da lacração? Pesquisas apontam declínio do movimento woke nos EUA

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Nos últimos anos, especialmente desde 2016, testemunhamos uma intensificação do que ficou conhecido como “lacração” ou “agenda woke”. Trata-se de um movimento político e cultural de esquerda focado em pautas identitárias, que defende o politicamente correto e busca controlar o discurso público.

Contudo, segundo recentes pesquisas, esse movimento pode ter atingido seu auge e estar em declínio. Isso é o que argumenta o sociólogo Musa Al-Gharbi, ligado à Universidade Columbia de Nova York, que lançará ainda este ano o livro “We Have Never Been Woke” (“Nunca Fomos Woke”, em tradução livre).

Al-Gharbi aponta que, isoladamente, os dados poderiam parecer apenas evidências anedóticas. Porém, juntos formam um panorama sugerindo uma mudança de cenário e o enfraquecimento desse ativismo.

Queda nos casos de cancelamento e ataques a professores

Uma consulta feita por Al-Gharbi a plataformas de artigos acadêmicos mostra que a curva do número de pesquisas sobre discriminação racial e de gênero passou a apontar para baixo depois de mais de 20 anos de crescimento.

Já um levantamento da FIRE (Foundation for Individual Rights and Expression) revela uma queda em 2021 nos ataques a professores por motivos ideológicos e nos casos de cancelamento. Historicamente, a esquerda lidera as tentativas de punição a docentes – 52% dos casos desde os anos 2000. Mas em 2021 foram 72% ligados a esse campo, contra 70% da direita, um empate.

Menor frequência de termos associados ao movimento woke

O cientista de dados David Rozado, doutor pela Universidade Autônoma de Madrid, analisou a frequência de palavras relacionadas a temas políticos e identitários no jornal The New York Times. Após um pico na década de 2010, termos como “raça”, “racismo”, “sexismo”, “misoginia” e “privilégio branco” passaram a ser menos utilizados.

Em 2022, algumas universidades americanas adotaram medidas consideradas emblemáticas contra excessos dos estudantes. A Universidade de Cornell se recusou a colocar “alertas de gatilho” em aulas, afirmando que fere a liberdade de ensino. Já Harvard terá um conselho dedicado à diversidade intelectual.

No mundo corporativo, dados do Wall Street Journal mostram queda de 75% nos anúncios para cargos de diretor de diversidade. Sob pressão dos republicanos, até a Disney sinalizou uma trégua após protestar contra leis do governo da Flórida sobre gênero em escolas.

Ceticismo dos próprios democratas

O professor Oliver Stuenkel, da FGV-SP, afirma: “O discurso anti-woke é importante para o Partido Republicano mobilizar sua base. Já no Democrata, há uma tentativa de se reaproximar da classe trabalhadora”. De fato, na pesquisa do New York Times, 65% dos republicanos disseram preferir um candidato focado em lei e ordem contra apenas 24% favoráveis à luta contra o woke.

Conclusão: é o fim da lacração?

Ainda é cedo para cravar o fim da onda woke, que por anos dominou o debate público com suas pautas identitárias. Porém, os indícios sugerem um claro arrefecimento.

Caso essas tendências se confirmem, será uma ótima notícia. Afinal, o movimento se mostrou prejudicial à liberdade de expressão, à qualidade do debate e à própria esquerda, que acabou se afastando das classes trabalhadoras. Resta torcer para que o bom senso prevaleça.

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