Star Wars: como a crítica brasileira viu a estreia do clássico de George Lucas em…1978!

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Brasileiros esperaram 8 meses por “Guerra nas Estrelas”

Por Claudio Dirani

“Lacração nas Estrelas”?  “Star Woke”? The Acolyte a mais recente série exibida pelo Disney + – não só tem dividido crítica e público, como provocado uma forte aversão ao núcleo de fãs mais tradicionais da obra criada por George Lucas.

O tema em questão, aliás, tem sido explorado com minúcia por todos os canais afiliados do Se Liga Nerd. Portanto, o impacto negativo da aventura estrelada por Amandla Stenberg já não é mais novidade.

Enquanto a conclusão de The Acolyte não chega em seu 10º episódio, ainda há bastante espaço para a nostalgia – e amor – pela obra que transformou radicalmente a indústria cinematográfica em sua estreia, em maio de 1977.

O mundo era bastante diferente quando Star Wars – ou melhor – Guerra Nas Estrelas, como ficou na versão em português, chegou às salas de cinema nacionais. Imagine, agora, um mundo totalmente desconectado da internet e redes sociais, onde jornais, revistas, TV e emissoras de rádio ainda eram as únicas fontes de informação.

Além da comunicação ser dominada pelos canais que hoje são driblados por simples lives no YouTube e Instagram, as grandes produções demoravam para invadir as telonas brasileiras. Com o primeiro (mais especificamente, Episódio IV) da saga de Luke Skywalker, Darth Vader e Han Solo não foi exceção. 

Nos Estados Unidos, Star Wars, com direção de George Lucas, estreou em 25 de maio de 1977. Já no Brasil, os fãs ouviram o tema de abertura assinado pelo incomparável John Williams em total estéreo somente em 30 de janeiro de 1978. O intervalo de quase 8 meses parece mais ficção do que o próprio filme, não é mesmo?

“O país das novelas”

Presidido pelo general Ernesto Geisel, o Brasil de 1978 ainda era dominado pela audiência das telenovelas. Os hits do momento eram Sem Lenço Sem Documento e O Astro  – ambas exibidas na Rede Globo de Televisão.

Outros programas também dividiram a atenção do povão, como o infantil Domingo no Parque, exibido desde 1976 pela Rede Tupi, sob comando do patrão Sílvio Santos.

A escassez de opções – principalmente no Brasil, um país ainda distante da cultura pop internacional – não foi o bastante para reduzir o impacto de Star Wars entre os “futuros nerds” daqui.

O poder do filme não só chamou atenção da grande mídia, como ocupou um espaço incomum nos veículos “mais sérios”.

A  edição de 30 de janeiro de 1978 da Folha de S. Paulo, por exemplo, decretou que a criação de George Lucas era “a mais retumbante ópera espacial ou ficção científica feita por Hollywood desde 2001 – Uma Odisseia no Espaço”.   

Em longa crítica, publicada na data de estreia da saga, o jornalista Orlando L. Fassoni ainda destacou o “erro” dos estúdios Universal em ter rejeitado bancar o filme – feito que acabaria nas mãos da 2oth Century Fox, hoje propriedade da Walt Disney Company.

“O filme, que já fez US$ 400 milhões nas bilheterias (desde seu lançamento nos EUA) tirou a Fox das dificuldades e deixou a Universal com o sentimento de ter cometido um pecado mortal”, analisou.

Star Wars: comparações apenas com os clássicos

Ao contrário do visível desleixo em The Acolyte, acusado por quem hoje ainda preserva o lore da franquia, a análise da Folha de S. Paulo em 1978 sobre Star Wars foi apenas positiva.

Em mais um trecho da matéria, Orlando L. Fassoni resgatou o que o The New York Times disse sobre o aspecto cultural da superprodução.

“O Times já considerava Guerra nas Estrelas como o melhor produto do cinema americano em 1977, vendo nele a combinação de gêneros que jamais deixaram de render junto ao público, como O Mágico de Oz e Flash Gordon”, ressaltou.

No complemento da crítica, o jornalista ainda profetiza: (a ficção científica) é sonho de todo cineasta. Não surpreende que tanto George Lucas como Steven Spielberg tenham obtido êxito. Afinal, eles vendem o espírito da infância e adolescência que ainda respiram sem a necessidade de irem tão longe intelectualmente”.

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